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Sindicato chama Inspecção de Trabalho e Ministério Público à Sotave

Empresa aguarda alargamento do FACE e a entrada de capital de risco através do programa AGIR

O Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA) pediu esta semana a intervenção da Inspecção Geral de Trabalho (IGT) e do Ministério Público face a alegadas irregularidades no pagamento de salários na fábrica de lanifícios Sotave, em Manteigas. Os trabalhadores deixaram de trabalhar a 22 de Julho devido a salários em atraso e, a 17 de Agosto, 160 dos 215 trabalhadores suspenderam os contratos para terem acesso ao subsídio de desemprego.

Segundo um comunicado do STBA, a empresa incorre numa irregularidade ao ter salários em atraso, porque está a ser apoiada pelo programa de formação FACE. «O acordo de formação estabelecido com o Instituto de Emprego obriga a empresa a pagar pontualmente», refere o documento. Por outro lado, foram recentemente «efectuados pagamentos de salários a alguns trabalhadores, aparentemente os de escalões mais elevados da empresa, num total desrespeito pela legalidade». Na situação de salários em atraso, tem de haver «um rateio proporcional do montante disponível, por todos os trabalhadores», refere o STBA. O comunicado acusa ainda a administração de reter quotizações sindicais aos trabalhadores, que ainda não foram entregues àquela estrutura. Em declarações à agência Lusa, António Aguilar, administrador da Sotave, disse que foram pagos os salários «a quem não suspendeu o contrato e continua ligado à empresa. Quem suspendeu, vai receber pela Segurança Social». Quanto às quotizações sindicais, «vão ser liquidadas esta semana», garantiu o administrador. Segundo António Aguilar, a Sotave enfrenta actualmente «problemas de tesouraria», aguardando o alargamento do programa de formação profissional FACE, bem como a entrada de capital de risco através do programa AGIR, para «retomar a laboração».

Dois cenários que irão garantir a retoma da laboração na fábrica, o que estava previsto acontecer esta semana. «Pretendemos que a sociedade de capital de risco entre com 1,2 milhões de euros, num processo de aumento de capital, verba que é suficiente para o relançamento da empresa», referiu António Aguilar, para quem a Sotave tem «viabilidade económico e financeira, dado ter um passivo insignificante, defrontando-se apenas com problemas de tesouraria». Desde 17 de Agosto que a Sociedade Têxtil dos Amieiros Verdes, a maior empregadora de Manteigas, atravessa um período conturbado com os seus 215 trabalhadores, 160 dos quais recorreram ao regime de suspensão do contrato de trabalho, de modo a poderem usufruir do subsídio de desemprego. Apesar disso, a fábrica continua com alguns sectores a trabalhar, caso da tecelagem, estando a recorrer à subcontratação para concluir vários encomendas de clientes. Os trabalhadores têm um mês e meio de salário em atraso, a que há que acresce o subsídio de férias que deveria ter sido pago no início de Agosto.

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