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Serra da Estrela vai ser Área de Protecção Turística

Garantia foi deixada pelo secretário de Estado do Turismo, que nada adiantou sobre os projectos para a Serra ou a criação de uma zona de jogo

A Serra da Estrela será uma das oito Áreas de Protecção Turística que o Governo vai criar para um melhor planeamento e ordenamento do território e que possibilitarão uma aprovação mais célere dos projectos turísticos. Esta foi a única garantia dada pelo secretário de Estado do Turismo na última sexta-feira na Covilhã, após ter sido pressionado para uma resposta aos vários projectos previstos para o ponto mais alto de Portugal.

No discurso que antecedeu a visita ao futuro aldeamento de montanha, que conta já com 63 “chalets” construídos pela Turistrela, e à nova estância de esqui, Luís Correia da Silva reconheceu o esforço e as «potencialidades turísticas» da região e considerou que a Serra da Estrela pode «ser um destino de todo o ano e não apenas de Inverno», acrescentando que os municípios que a compõem «têm também outros atributos que vale a pena valorizar», como a natureza, a gastronomia e o vinho, exemplificou. No entanto, pouco mais adiantou sobre as várias reivindicações do autarca covilhanense. Na cerimónia de recepção na Câmara, Carlos Pinto apelou a uma maior atenção para os investimentos turísticos previstos para o ponto mais alto de Portugal, principalmente para o futuro aldeamento de montanha, onde se prevê investir 35 milhões de euros em equipamentos e infra-estruturas. Para ali está prevista a construção de 600 casas de montanha, duas unidades hoteleiras, um pavilhão polivalente, posto de saúde, posto da GNR, zonas de comércio e de lazer com bares, minimercado e piscinas. Equipamentos a localizar nas Penhas da Saúde para proporcionar um turismo de qualidade e com ofertas de lazer.

As críticas ao Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) também sobressaíram na intervenção do edil. «É preciso meter esses senhores na ordem», apelou ao Governo Carlos Pinto, indignado com os constantes «bloqueios» do PNSE, nomeadamente na impossibilidade de deitar abaixo as casas de zinco que se espalham pelas Penhas e que o parque prefere ver reconstruídas. «Como podemos avançar assim», criticou o autarca. Mas sobre isso, Luís Correia da Silva avisou autarcas e empresários para não serem «fundamentalistas» ao ponto de encararem as soluções apresentadas como as melhores. «Temos que sentar numa mesa todos os responsáveis e encontrar as soluções», sugeriu o secretário de Estado. Quanto ao casino, Carlos Pinto pediu para ser encarado pelo Governo como uma «qualificação da Serra da Estrela» por atrair mais turistas desde o Alentejo a Espanha. Mas o governante não se quis pronunciar até ser conhecida a avaliação levada a cabo por uma equipa nomeada pelo Governo em todas as zonas e locais de jogo do país, desde bingos, a casinos e aos jogos da Santa Casa da Misericórdia, e que se estima estar pronta durante este mês.

Mais surpreendido com as críticas do autarca covilhanense está o director do PNSE. Contactado por “O Interior”, Fernando Matos confessou não compreender o teor das acusações, ainda para mais quando o parque foi «sempre a primeira entidade» a defender a requalificação das Penhas da Saúde. Para esse efeito foi mesmo criado «um plano de acção de requalificação urbana e ambiental» daquela zona, recorda, onde se prevê a demolição de 170 casas e a recuperação de outras.

Liliana Correia

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