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«Senão fizermos nada pela região, certamente que se perderá a pouca população que há»

Cara a Cara – Entrevista

P –Como é que uma associação local e regional se lembrou de fazer uma iniciativa tão abrangente e do âmbito étnico, como os “Dias Multiculturais”?

R – Por enquanto, a Planicôa é só da Guarda, porque foi onde nasceu, mas tem ambições nacionais. Por ser uma cooperativa de apoio ao desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas, agora está mais virada para esta região. Tanto na parte da formação e planeamento, como nas actividades culturais que apoiam o desenvolvimento das zonas mais desfavorecidas. Porque senão fizermos nada por esta região, certamente que se vai perder a pouca população que há».

P – Que balanço faz dos “Dias Multiculturais: Encontros Inter-étnicos”?

R – É um balanço bastante positivo. Tivemos uma grande afluência de visitantes à nossa exposição, que esteve patente no Paço da Cultura. Mas também houve muitos participantes nos espectáculos de música e dança. Também aderiram alguns imigrantes, mas infelizmente poucos. Talvez porque só pensam em trabalhar e por isso são pouco receptivos a este género de iniciativas. Penso que é uma actividade para repetir e até poderá ser desenvolvida noutras regiões do país. O objectivo foi o de divulgar as culturas e tradições dos vários países de origem dos imigrantes radicados em Portugal. E isso foi alcançado, pois os cinco dias multiculturais e étnicos mostraram diferentes raízes e realidades culturais.

P – Outros projectos?

R – Para além das actividades culturais, também vamos apostar na elaboração de planeamentos estratégicos. À semelhança do que já fizemos com Cidadelhe, uma aldeia em vias de extinção, onde colaborámos numa análise das suas potencialidades. Para além de um projecto que apresentámos ao programa Interreg III, com parceiros espanhóis e franceses. Em Portugal é para ser implementado, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, na freguesia de Cinco Vilas, que tem um bairro com uma traça medieval, fáceis acessibilidades ao Côa e uma zona plana junto ao rio. A ideia é recuperar o bairro medieval para fins turísticos, que já foi comprado por uma empresa privada luso-espanhola. Também se pretende recuperar dois moinhos que estão naquele local, um para ser posto a funcionar e outro para aproveitar para balneários. O projecto apresentado contempla ainda a construção de pequenos açudes para despoluir as águas do rio e criar condições para desenvolver a produção em cativeiro de trutas. Para além da criação de um parque temático e a recuperação de espécies da flora e da fauna em vias de extinção. Depois fazia-se uma permuta de espécies com os outros países. Mas só no próximo mês saberemos se foi ou não aprovado.

P- A Planicôa vai continuar a investir na área da formação?

R – Sendo esta uma formação de apoio ao desenvolvimento, faz todo sentido continuar o trabalho nesta área. Apoiamos todos os sectores que contribuem para o desenvolvimento da região. Por isso vamos continuar a apostar em áreas do planeamento, formação, auditoria, estudos económicos e de inovação e desenvolvimento, contabilidade, análise de investimentos, projectos, recuperação do património e actividades produtivas e de distribuição que dinamizem o desenvolvimento local e regional, em particular nas zonas rurais. No entanto, a Planicôa também pretende abraçar a questão cultural e editorial, para dar visibilidade a alguns talentos que se perdem no interior e também para divulgar trabalhos de desenvolvimento regional. Tal como ambicionamos desenvolver saraus culturais, entre outras actividades.

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