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Selagem de fontanários públicos motiva protestos no Penedo da Sé

Anexa da freguesia do Marmeleiro continua com problemas no abastecimento de água

Muitos dos habitantes, na sua maioria idosos, da aldeia do Penedo da Sé, anexa da freguesia do Marmeleiro (Guarda), não calam a sua revolta perante uma situação ocorrida recentemente. É que para além dos constantes problemas verificados no abastecimento de água à aldeia desde que a rede pública foi instalada, os populares viram-se confrontados com a retirada das torneiras de dois fontanários localizados na rua principal da localidade.

Os habitantes estiveram cerca de dez dias sem água, mas o problema foi solucionado na última segunda-feira, já que um tanque dos Bombeiros da Guarda terá ido fornecer a água. No entanto, foi durante este período de tempo que, alegadamente, alguns funcionários da Câmara Municipal da Guarda selaram os dois fontanários públicos em questão, retirando as respectivas torneiras, privando a população e os visitantes de poderem usufruir da água. Luís Pereira Calçada, de 73 anos, é um dos muitos habitantes do Penedo da Sé que está indignado com a retirada da torneira de um dos poucos fontanários públicos que ainda restavam na aldeia, situado no “Forno”. «Isto assim não tem jeito nenhum. Estou contra a retirada das torneiras e, se for preciso, até as ponho eu», garante, profundamente irritado com esta situação. «Estes fontanários eram para o povo. Agora vêm aí pessoas de fora e ninguém pode beber, nem lavar nada», contesta. Este habitante do Penedo da Sé fala ainda no caso das pessoas da aldeia que ainda não possuem água canalizada em casa, «e vá lá que não são muitos», que agora são forçados a «ir buscar água aos poços com os burros» quando antes se serviam dos fontanários localizados «muito mais perto», sublinha Luís Pereira Calçada.

Neste momento, para além de um fontanário com um bebedouro para os animais existente numa das extremidades da aldeia, apenas restam, segundo alguns populares, outros dois, um localizado dentro do cemitério e outro no “Salão”. Outros habitantes da aldeia, que preferiram não ser identificados, também se mostram revoltados com o encerramento dos dois chafarizes: «Em todas as terras há bicas e aqui não. Isto é uma injustiça e depois querem votos?», diz uma idosa, que, já avisa que não vai votar nas próximas eleições, numa forma de protesto que poderá ser seguida por mais pessoas, adianta. Já outra moradora realça que vinha «muitas vezes buscar água porque em minha casa não tinha pressão e agora, nada», lamenta. Contudo, apesar dos problemas relacionados com o abastecimento de água «sempre» terem existido, este ano agravados com as secas, os fontanários «sempre iam dando para remediar», relembra um popular. Contactada por “O Interior, a presidente da Junta de Freguesia do Marmeleiro, Maria José Gonçalves Sanches, uma das visadas nas críticas da população, limitou-se a afirmar que a «retirada das bicas é assunto dos serviços municipalizados» da Câmara da Guarda. Contudo, apesar das tentativas, não foi possível obter um comentário de Esmeraldo Carvalhinho, vereador responsável por aqueles serviços, para saber as razões que terão levado à retirada das torneiras.

Ricardo Cordeiro

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