A sede da Associação Cultural da Beira Interior (ACBI), localizada numa parte da antiga fábrica “Sete Fontes”, foi vandalizada na noite de 13 para 14 de Outubro, provocando um prejuízo da ordem dos dois mil euros. O maestro Luís Cipriano, director da associação musical, acredita tratar-se de um «acto de vandalismo banal mas deliberado», tendo em conta que apenas as janelas da ACBI foram apedrejadas. As restantes não sofreram qualquer dano.
Para além disso, há ainda factores que indiciam que o “alvo a atingir” era aquela estrutura recuperada este ano. «Há marcas que mostram que houve pedras que falharam. Insistiram até partir», explica o maestro, para quem «se fosse um indivíduo alcoolizado não estaria em condições de partir apenas os vidros da ACBI e repetir por ter falhado». Há ainda pedras que ficaram «cravejadas nas portas interiores», o que, no seu entender, mostra apenas que o objectivo era mesmo destruir a sede da associação. Recorde-se que a ideia de perseguição à associação tem vindo a ser defendida por Cipriano há algum tempo, tendo em conta o impedimento da abertura da nova sede pela autarquia em Março passado por não ter todas as normas de segurança, como uma rampa para deficientes. Depois de terem colocado extintores e outros sistemas de segurança, como detectores de incêndios, a ACBI aguarda apenas a aprovação da construção da rampa para acesso a pessoas portadoras de deficiências, cujo requerimento se mantém há «vários meses» na Câmara sem qualquer resposta.
Antes, houve ainda o afastamento da esposa de Luís Cipriano da direcção artística da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI), vista pelo maestro como uma retaliação por causa de declarações que tinha proferido contra a Câmara, entre outras situações. Apesar deste último incidente, a ideia de deslocarem a sede para outro concelho está fora de questão, mau grado todos os seus projectos estarem actualmente a ser desenvolvidos em cidades vizinhas. Tudo por causa das quezílias mantidas com a autarquia covilhanense após a suspensão do protocolo cultural celebrado em 2002. «Daqui não saímos. A ACBI vai continuar por cá, nem que tenhamos que levar muitas pedradas. Não é este tipo de atentados que nos assusta», ironiza Cipriano. Mais preocupante é o atraso na aprovação da rampa para deficientes, o que, para o maestro, demonstra a «tentativa de atrasar ainda mais a abertura da sede» ou que a Câmara da Covilhã funciona «extremamente mal». A ocorrência está entregue à PSP.
Liliana Correia