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Secretário de Estado da Administração Interna alerta para comportamentos de risco

Presente nas comemorações dos 140 anos dos bombeiros da Guarda, Jorge Gomes lembrou que 33 por cento dos incêndios são noturnos

A comemorar 140 anos, os Bombeiros Voluntários da Guarda estiveram em festa no passado fim-de-semana. Mas estas comemorações deveriam ser «repensadas», pois «num período em que temos bombeiros a combater incêndios não é uma boa altura para se estar em festa», afirmou o secretário de Estado da Administração Interna na sessão solene do passado domingo. «Devemos estar ao lado dos que estão em dia de luta», acrescentou o governante.

Num dia marcado por muitos e grandes incêndios, Jorge Gomes disse confiar «no nosso dispositivo, nos homens e mulheres, para dar resposta a esta saga», mas sublinhou que, por vezes, os comportamentos das populações «não são os melhores». No seu discurso, o secretário de Estado lembrou o número elevado de incêndios noturnos, que correspondem a 33 por cento das ocorrências, e que se devem «a comportamentos desadequados» e não às temperaturas elevadas. Ainda durante a cerimónia, o comandante dos bombeiros guardenses lembrou que se trata apenas de um grupo de voluntários, «mas altamente profissionais, não é amadorismo». A corporação conta com 120 elementos, entre os quais está um número de jovens bastante significativo, mas Paulo Sequeira lembrou a necessidade de «tomar medidas que fixem elementos no interior», tal como um «conjunto de incentivos» para os bombeiros e para os voluntários de forma a que o corpo ativo seja assegurado face à desertificação que está a assolar a região.

O comandante aproveitou ainda para pedir às autoridades para «olharem pela viabilidade financeira» da instituição, pois, embora reconheça «o esforço para apoiar a associação nos últimos dois anos, há ainda um longo caminho a percorrer para apoios justos». Também o presidente da direção da Associação Humanitária não esqueceu a questão financeira e lamentou que, por vezes, seja necessário «recorrer a verbas próprias para aquisição de equipamentos». Por isso, Luís Borges apelou a um «entendimento» entre as autoridades competentes, «para que os bombeiros deixem de ser o parente pobre da proteção civil».

Presente nas comemorações esteve também o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, que considerou que é preciso que as Câmaras e as Juntas e Freguesia «tenham responsabilidades», tendo atenção ao planeamento e ordenamento das florestas. Jaime Marta Soares falou ainda da necessidade de «revisão e reformas das leis orgânicas», pelas quais prometeu «lutar e não abdicar» tendo deixado um aviso à tutela ao dizer que as verbas destinadas aos voluntários no próximo ano «têm de ser atempadamente apresentadas e negociadas», em vez de dois dia antes de serem aprovadas, porque «isso acabou».

Já o vice-presidente da Câmara da Guarda também quis aproveitar a presença de um membro do Governo para mandar o recado de que «no interior não queremos mais palavras. Já sabemos quais são os problemas, agora queremos soluções, queremos ações». Carlos Chaves Monteiro mostrou ainda a disponibilidade da autarquia para que, «sempre que solicitarem a vontade de usar um equipamento nosso, nós iremos ajudar». Para facilitar os procedimentos está a ser pensado um regulamento de apoio ao voluntariado. Na sessão solene dos 140 anos dos “soldados da paz” da Guarda foram ainda entregues medalhas de assiduidade, feitas promoções no corpo ativo e homenageados os elementos com mais de 40 anos no ativo. Já Manuel Pereira foi empossado como subcomandante.

Ana Eugénia Inácio Corporação da Guarda tem 120 elementos no ativo

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