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Vivemos o período do Rosa choque onde a insegurança aumenta, os impostos crescem, o desemprego não recua, o mal estar das corporações atinge o rubro e o cinza sujo invade os prédios, o verde musgo toma as instituições morrentes, a luz de vela regressa às casas, as poupanças mitigam. A insegurança do futuro, a insegurança do emprego, a insegurança do investimento, a certeza de que o Governo não paga as suas contas, que o Estado não é sério nos seus compromissos, que Portugal vai por um rumo enlouquecido de tecnocratas iluminados, de informáticos delirantes, onde o empresário definha. É o país de novos meios-tons, o Portugal do laranja vivo, do vermelho morto, do branco gasto, da cinza fosco nos prédios, do antracite (preto/buracos) nas ruas, dos vivos saldos nas roupas, e uma imensidão de amarelos doença, de gente pálida pelas dívidas, de gente ictérica da obstrução financeira, dos rostos macilentos do desalento.

Como se viu na última edição de “O Interior”, sem que o combinássemos, vários articulistas espelhavam este pensamento rosa choque. Afinal há aqui um caminho difícil de compreender. A entrevista de Catalina Pestana é laranja vivo, é escândalo aberto. O corte nas pensões é vermelho murcho, é a derrota da lógica socialista. E afinal se não pagamos as dívidas somos ricos, se não pagamos o que levamos para casa somos ladrões e essa não pode ser a aprendizagem governativa. Há algo que me escapa neste processo que transfigura uma vitória fácil, um sucesso lógico numa derrota copiosa. O PS que tenho dentro (mas que o PS Governo nem se questiona o que pensa) chora copiosamente tanta anormalidade…

Por: Diogo Cabrita

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