«Vamos merendar todos juntos» no próximo domingo
Outrora, a romaria da Santa Cruz, no primeiro domingo de maio, em Aldeia do Bispo (Guarda), era a primeira tarde solarenga dos guardenses, depois dos longos e frios invernos. Era quando o feriado municipal da Guarda chegava antes do verão, a 3 de maio, e muito antes da confirmação de que o Foral de D. Sancho foi outorgado a 27 de novembro, e se procurava juntar o descanso do dia do concelho à festa da Cruz. A Santa Cruz ia-se a pé, de cavalo, de bicicleta, depois de carro ou na carreira, muitas durante o dia entre a cidade e o lugar ermida, desde onde se enxerga o vale do Zêzere, se respira a Serra da Estrela e se sente a força do vento por entre os soutos. O próximo fim-de-semana volta a ser o tempo da Festa da Santa Cruz.
No sábado, a partir da 17 horas, no Museu da Castanha (Aldeia do Bispo), abre a exposição “O Culto da Cruz”, que, como adianta Aires Almeida, um dos mordomos da festa, «tem mais de 60 cruzes, de diferentes materiais e diversas formas, muitas delas cruzes antigas e únicas», que a organização «recolheu junto de instituições» para apresentar uma mostra «rica» e diversificada. Depois, a procissão de velas e o fogo preso juntam os devotos que podem descobrir a aldeia decorada com flores amarelas e brancas, as cores do Vaticano, numa pequena homenagem ao Papa Francisco que na semana seguinte inicia a peregrinação a Fátima.
No domingo, a Banda Marcial Ribeiradiense faz a alvorada e depois leva a música ao Jardim José de Lemos, na Guarda, pelas 11 horas. E é à tarde que a festa mais genuína retoma a sua forma na aldeia, depois da tradicional procissão às 13 horas, a organização pretende recuperar a tradição de «uma grande merenda, com a participação de todos, os da Guarda e os das aldeias vizinhas», como asseverou Aires Almeida. “A merenda Voltou – Vamos Merendar Todos Juntos” é o mote para o reencontro em Santa Cruz, «porque a Cruz é santa» e, «como antigamente, vamos ter um grande convívio» diz aquele mordomo.
Luis Baptista-Martins