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Reflexões sobre a Comunidade Urbana

Crónica Política

Uma das questões que ultimamente tem suscitado algum debate a nível de praticamente todos os concelhos do nosso país, é a forma como estes se vão agrupar em regiões designadas por áreas metropolitanas.

O objectivo que se visa alcançar, é permitir que estas novas regiões congreguem esforços no sentido de tornar mais eficaz a utilização dos meios de que dispõem, e planifiquem a uma escala supra municipal, o seu desenvolvimento futuro, quer por acordo entre as autarquias que compõem cada agrupamento, quer por negociação deste com o governo central.

No que esta questão reporta ao Distrito da Guarda, verifica-se que há vários concelhos que de uma forma mais ou menos clara têm manifestado a sua intenção de não alinhar na solução que venha a ser adoptada pela autarquia da Guarda, facto que atesta bem a incapacidade e incompetência dos nossos políticos que, entretidos em guerrilhas estéreis, nunca se preocuparam em assumir esta cidade como capital de distrito, nem lhe conferiram um nível de desenvolvimento que a tornasse atractiva como líder incontestada de uma região.

Uma das questões que deve nortear a criação de uma comunidade é a da coesão social, de modo a que a identidade de situações facilite o encontro de soluções mais eficazes, razão por que não vejo essa condição verificar-se se estendermos o território para sul da Gardunha.

Por outro lado, é com pena que vejo desenhar-se uma forte tendência nos concelhos de Seia e Gouveia em integrarem a área metropolitana de Viseu, pois, muito embora a proximidade a esta cidade seja grande, vale a pena lembrar que eles estão intimamente ligados à Serra da Estrela, tanto cultural como economicamente, em especial no que ao turismo se refere.

Não vejo que a área metropolitana de Viseu se venha a preocupar muito com o problema do turismo na Serra, ou com a abertura de um túnel, ou com as melhorias da ligação rodoviária a Coimbra.

Receio que uma grande área metropolitana liderada por uma grande cidade e constituída por muitos pequenos concelhos, venha a penalizar os mais distantes, acabando por desenvolver uma politica do tipo “eucalipto”, ao “secar” tudo à sua volta.

Por outro lado, e seja qual for o modelo regional que integre o Concelho da Guarda, valerá a pena pensar qual o tipo de apoio que os nossos futuros parceiros estão dispostos a dar-nos, no que toca a projectos fundamentais para o nosso desenvolvimento, tais como o novo hospital, a Plataforma Logística, a acessibilidade à Serra, o IP-2 a norte da Guarda, a nova fronteira de Vilar Formoso, e o ensino técnico-profissional, entre outros.

O que pensará de tudo isto a Câmara da Covilhã?

Sendo certo que numa parceria a legitimidade das partes obriga a que haja também cedências, será que já temos alguma ideia do que nos vai ser pedido ? e qual a viabilidade desses pedidos ?

Pela forma como tenho visto relatar as várias discussões feitas à volta deste tema, parece-me que o nível de discussão tem deixado muitos pontos por esclarecer, pelo que, atendendo ao escasso tempo para a tomada de decisões definitivas, receio que mais uma vez a Guarda e seu concelho fiquem para trás.

Oxalá me engane.

Por: Álvaro Estêvão

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