Na minha ignorância de economia, mas na sabedoria de quem educou quatro filhos e ajudou alguns amigos durante a crise, recebendo algumas ajudas também, devo confessar que percebo hoje três coisas importantes. A primeira é que os Bancos foram e são os fariseus da área moderna. A segunda é que dever dinheiro a juros é calamidade a tempo. A terceira, nunca empenhar mais de 35 por cento do salário que auferimos em dívida. Assim, da evidência sabemos que:
1 – O dinheiro do Estado é aquele que é cobrado dos privados, pois o Estado não produz e não vende nada. Podia ser fabricante, vendedor, etc, mas a opção dos fariseus foi levar ao poder quem acabasse com a hipótese de um Estado produtor de riqueza.
2- O Estado se for mínimo gasta menos e portanto precisa de menos dinheiro. 3- O Estado deve garantir a equidade, reduzir a desigualdade, prezar pela liberdade, garantir a igualdade no acesso, definir as suas tarefas de modo transversal envolvendo vários partidos num pacto transparente de regime sobre saúde, educação, justiça, defesa nacional, segurança, administração pública e depois nos bens essenciais (luz, água, sobrevivência, etc).
O que sabemos também é que impostos diretos e indiretos levam-nos quase 70% do que ganhamos. Coloquem sem pudor IVA, IRS, IRC, IMI, taxas sobre combustíveis, taxas sobre luz, preço de propinas, comparticipações de saúde, e sigam acrescentando a cada gesto, a cada compra. Com esta redução dos nossos proventos não temos dinheiro para pagar as dívidas do passado e muitos ficaram relapsos. Não cumprimos porque cresceram os impostos e reduziram os salários e surgiu com volume o desemprego. Então que economia quero e percebo com facilidade? Primeiro, que o Estado deve ser frugal na obra pública, na construção de dívida. Segundo, que o melhor dinheiro é o que permanece nas mãos dos trabalhadores e dos empresários. Esse dinheiro cria emprego e consumo. Terceiro, que os benefícios do Estado Social devem ter tetos claros, que os funcionários do Estado não devem ser milionários no exercício das suas funções, que o Estado não deve cobrar a ninguém mais de 45% daquilo que produz (direta e indiretamente). Portanto inscrever um teto de Impostos é mais importante que um teto de dívida. Ter instituições que garantam a impossibilidade das obras públicas faraónicas sem a certeza de 2/3 da votação da Assembleia da República. Criar mecanismos de vigilância da atividade governativa associado à limitação de mandato em todos os cargos de chefia do Estado, sem exceção, pode garantir menos autoritarismo e menos deslumbramento. Por tudo isto estou distante da Convenção e do programa do PS para as eleições. Estamos a tocar músicas diferentes.
Por: Diogo Cabrita