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«Reabrir o Grupo de Xadrez da Guarda devia ser uma prioridade»

Cara a Cara – Hugo Alexandre Gomes

P – Começou nas camadas jovens do Grupo de Xadrez da Guarda (GXG), o que faz agora e quais têm sido os seus resultados?

R – Há quase cinco anos que jogo pela secção de Xadrez da Associação Académica de Coimbra. Coletivamente, disputo a IIª Divisão do Campeonato Nacional por Equipas. A nível individual consegui alcançar este ano o segundo lugar Nacional Sub-20, com 5 pontos em 7, os mesmos do primeiro classificado mas devido a desempate por confronto direto. O último torneio em que participei foi o “Portugal Open”, realizado em Oeiras, que contou com 103 participantes de 12 países, vários deles Grande-Mestres a competir pelos primeiros lugares. Ao fim de sete dias e nove jogos classifiquei-me em 25º, subindo 31 pontos no ranking internacional e vencendo o meu escalão. O meu próximo objetivo é ser campeão de sub-20 em 2016.

P – Ainda estava na Guarda quando o clube cessou a atividade? Como viveu esse momento?

R – Sim, era ainda muito pequeno. Aprendi a jogar xadrez muito novo, com o meu pai, mas só me juntei ao clube por acaso: localizado antigamente numa sala das piscinas municipais, quis ir lá após uma aula de natação. Foi graças ao GXG que consegui o terceiro lugar sub-8 nos Nacionais. Quando o clube fechou simplesmente deixei de treinar xadrez. Apesar de gostar muito, não havia outra alternativa na Guarda. Só voltei a jogar no 8º ano, na Escola Secundária da Sé, nas horas livres. Dois anos mais tarde contactei o meu professor e jogador de xadrez do então extinto GX Guarda, o Grande Mestre Kevin Spraggett. A partir daí combinámos várias aulas em casa dele. Hoje continua a ser meu professor e todo o meu progresso é graças a ele!

P – Sabe o que esteve na origem desse desfecho?

R – Na altura, o Grupo de Xadrez da Guarda recebia apoios para poder estar aberto. Para além de poder usufruir do espaço nas piscinas municipais, a Câmara Municipal contribuía monetariamente para que o clube pudesse participar nos campeonatos mais prestigiosos de Portugal. Quando os apoios pararam foi difícil manter alguém na direção do clube. Sendo assim, decidiram fechá-lo, com muita pena minha.

P – Acha que é possível reabrir o GXG, que chegou a ser campeão nacional da Iª Divisão e tinha algum protagonismo na modalidade em Portugal?

R – O GXG foi campeão nacional da 1ª Divisão em dois anos consecutivos (2001/2002 e 2002/2003), ganhando ainda a Supertaça em 2004. Conseguiu também vários segundos lugares nestas provas, bem como na Taça de Portugal. Cada ano, nos Nacionais de Jovens, eram vários os títulos conquistados entre sub-20 e sub-8, geral e feminino. Creio que reabrir o GXG devia ser uma prioridade, pois o clube alcançou o auge do xadrez nacional em representação do Distrito da Guarda. Formou também muitos jovens e vários mestres que continuam hoje em atividade.

P – Nessa eventualidade, poderia ponderar voltar a jogar na Guarda?

R – Sim, se o projeto fosse bem organizado e houvesse as condições necessárias para o clube voltar ao funcionamento, teria que pensar em voltar a defender o GXG.

P – Na sua opinião, seria fácil juntar jogadores, nomeadamente de topo, para representarem a Guarda?

R – Fácil, não. Há muitos clubes hoje em dia com mais facilidades em manter os jogadores de topo nacional. Mas creio que seria possível, tendo em conta que alguns mestres e antigos jogadores continuam a residir na Guarda.

P – Como vê a modalidade neste momento em Portugal? Alguns dos seus protagonistas passaram com certeza pelo GX Guarda.

R – Vejo o xadrez nacional a crescer todos os dias. São cada vez mais as competições nacionais e com melhores prémios. O expoente máximo do GX Guarda, a nível da modalidade terá que ser o GM Kevin Spraggett, que atualmente joga pela Assembleia Figueirense (Figueira da Foz). Está presente em quase todas as provas importantes nacionais, vencendo muitas, ou integrando o pódio. Também há, hoje em dia, competições só para jovens. Relativamente às competições “abertas”, cada vez mais têm prémios por escalões, ou por ELO FIDE (ranking internacional), como incentivo ao desenvolvimento do nível xadrezístico. Mas ainda há trabalho por fazer. Certamente gostaria de ver o xadrez atingir todas as escolas!

Perfil:

Profissão: Estudante

Idade: 19 anos

Naturalidade: Guarda

Currículo: Estudante de Engenharia Informática na Universidade de Coimbra, dirigente e atleta da secção de Xadrez da Associação Académica de Coimbra

Livro preferido: “A Conspiração”, de Dan Brown

Filme preferido: “V de Vingança”

Hobbies: Jogos de computador, séries televisivas e futebol

Hugo Alexandre Gomes

Sobre o autor

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