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Rapoula convoca burros para festival de cultura popular

Desfile e eleição de burro do ano são ponto alto de evento dedicado à música tradicional, etnografia e artesanato no fim-de-semana

Divulgar o nome da Rapoula e perpetuar a tradição e importância dos burros, uma raça em vias de extinção, nesta aldeia do concelho da Guarda são os dois objectivos da segunda edição do Festival de Cultura Popular promovido este fim-de-semana pela Associação Cultural, Desportiva e Recreativa local. O ponto alto da actividade acontece com a eleição do burro do ano, uma designação agendada para a tarde de domingo após um desfile das variedades asininas das redondezas. O feliz laureado pelo júri vai suceder ao espécime vindo de Guilhafonso no ano passado e representar durante um ano a fina-flor da raça.

No entanto, nem só de burros é feita a festa da Rapoula, a poucos quilómetros da Guarda, também conhecida como a terra das motorizadas. A organização aposta fortemente na música popular e etnográfica, para além do habitual artesanato e outras mais-valias locais reunidas numa feira antiga no largo principal da aldeia, com início marcado para as 15 horas de domingo. Vindos de diversos pontos do país, grupos de bombos, danças e cantares, Zés Pereiras, teatro infantil, gaitas-de-beiços e um acordeonista foram convocados para este festival de cultural popular. A sua tarefa é animar e divulgar músicas e culturas de antanho, para que «a memória colectiva não perca esse passado riquíssimo», acrescenta Liliane Ferreira, responsável pela secção cultural da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Rapoula (ACDRR), para quem a edição deste ano do festival faz uma «grande aposta» na vertente recreativa e de animação. Tudo começa então no sábado à tarde com uma arruada tonitruante pelo grupo de bombos “Bardoada”, a quem cabe a abertura da actividade. Seguem-se os espectáculos (16h) do Agrupamento de Danças e Cantares de Póvoa da Isenta (Santarém), Ronda do Jarmelo (17h) e um baile popular com o famoso Alfredo “da Bendada”, um dos mais antigos acordeonista da região.

No domingo, o grupo de Zés Pereiras “Unidos da Paródia” chama a população para a rua para assistir ao desfile de burros, cujo início está agendado para as 15 horas, e visitar a feira antiga. Realiza-se depois a eleição do burro do ano, antes dos concertos dos grupos Coral e Etnográfico de Viana do Alentejo e Danças e Cantares de Serreleis (Viana do Castelo). Para o final da tarde, a organização propõe uma peça de teatro infantil protagonizada por crianças da localidade, enquanto o festival se despede com a actuação do Grupo de Gaita-de-Beiços da Rapoula. A ideia de dedicar o evento aos burros teve origem num sonho com um jumento do presidente da ACDRR e ganhou alguma notoriedade na primeira edição. O desfile de 2003 contou com a participação de 18 representantes da raça asinina, mas o júri, presidido por António Monteiro, biólogo e representante da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), preferiu o animal trazido de Guilhafonso por Leonel Marques.

O jumento, equipado com alforges para transportar dois cabritos para o mercado, foi conquistou o ceptro de burro do ano tendo em conta a originalidade da apresentação, o aspecto focado e as características do animal, tendo-lhe sido entregue a árdua missão de evocar valores menosprezados durante décadas como a rusticidade, resistência e docilidade dos seus pares. O seu dono também prometeu contribuir para evitar que o bom nome da raça caia na lama sem apelo nem agravo: «Daqui para a frente vai ter direito a uma raçãozinha diária especial para que no próximo ano possa vir mais forte e valente», garantiu na altura Leonel Marques.

Luis Martins

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