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PS e CDS discutem candidatura única em Celorico da Beira

Ponte de partida para lista de entendimento, também aberta aos militantes descontentes do PSD, foi dado no último sábado

O PS e o CDS-PP poderão vir a entender-se quanto a uma candidatura única à Câmara de Celorico da Beira nas próximas autárquicas. O objectivo é unir a oposição e criar uma «base de entendimento aberta aos cidadãos de todos os quadrantes políticos» para derrotar António Caetano, actual presidente em exercício eleito pelo MPT e futuro candidato pelo PSD. A ideia saiu reforçada de um pequeno seminário, realizado no último sábado no hotel Mira Serra, em que participaram militantes do PS, CDS, PSD e apoiantes do MPT. Todos quiseram ouvir o diagnóstico de António Graça Silva, gestor na Associação Empresarial Portuguesa, sobre o município e ficar a conhecer aquele que já é apontado com um dos possíveis candidatos desse movimento.

Natural da Ratoeira, mas a residir em Viseu, António Graça Silva, também director no Centro de Serviços e Apoio às Empresas (CESAE), recusou há quatro anos atrás encabeçar a lista do PSD e prefere por enquanto esconder o jogo. «Estou sempre disponível para projectos válidos, mas não sou candidato a nada. De momento sou apenas apoiante de opções que me mereçam a maior credibilidade como esta», disse a “O Interior” no final de uma intervenção bastante crítica – e eleitoralista quanto baste – da gestão municipal em Celorico. «Não é fácil comentar algo onde não existe projecto, nem há estatísticas de desenvolvimento», começou por dizer, considerando haver um «poder monárquico» no concelho que impede o seu crescimento. «Olhem para Trancoso», desafiou as cerca de 20 pessoas da assistência, a quem disse que o «esbanjar de recursos por esta Câmara é mais que visível» ao exemplificar com o cartaz do parque industrial ou o aumento «assustador» de funcionários na autarquia. «Há tempos fui à Câmara e aquilo mais parecia o centro comercial Colombo tantas eram as pessoas que andavam de um lado para o outro. Mas depois disseram-me que tinha que ser assim porque não havia cadeiras para todos», ironizou.

Dizer basta

De resto, António Graça Silva acusou os políticos de Celorico de estarem apenas preocupados com a «defesa do seu emprego e o clubismo» e responsabilizou António Caetano de «gastar os nossos impostos sem saber gerir os recursos de que dispõe, pois não tem visão nem estratégia de futuro». Admite por isso que o concelho precisa de um projecto «radical contra a continuidade», apelando à «acção imediata» dos celoricenses para expulsar os actuais protagonistas do poder autárquico. «Este é o começo de um movimento que é necessário e deve continuar», desafiou por fim. Os presentes concordaram que «há que dizer basta à promiscuidade e oportunidade de certos grupos que, numa reviravolta dramática, hoje metem no coração o que ainda ontem não deixavam sentar-se à mesa», sintetizou João Paulo Antunes. O líder da concelhia do CDS-PP está convencido que António Graça Silva seria um «belíssimo candidato e daria um excelente presidente de Câmara para Celorico», mas recusa falar numa aliança eleitoral com o PS. «Somos pela mudança e contra o que se está a passar no concelho. O tema está em aberto, mas é difícil, para não dizer impossível, os dois partidos fazerem uma coligação. Talvez outro tipo de entendimentos», adianta.

Mais cauteloso foi José Albano, presidente da concelhia socialista local, presente no encontro enquanto «cidadão», como fez questão de frisar a “O Interior”. O jovem dirigente não se comprometeu e garante que o trabalho do PS nos últimos três anos «vai ter frutos». «O nosso projecto é abrangente e já temos gente do CDS e do PSD a trabalhar connosco», revelou, classificando de «poder sem rosto» a liderança de António Caetano. «O PS tem todas as capacidades para ganhar a Câmara, mas contamos com toda a gente e acho que não há nenhum problema se pudermos conversar com o CDS-PP e os descontentes do PSD para trabalharmos juntos», refere. Já o militante social-democrata e antigo deputado municipal Luís Marques apelou à «unificação» da oposição: «PS e CDS devem entender-se quanto ao adversário que é necessário pôr a andar. Por isso devem deixar as politiquices de parte e centrar-se no essencial, que é tirar Celorico das páginas dos jornais pela negativa».

Luis Martins

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