O interior tem «uma nova oportunidade» para se desenvolver com os próximos fundos comunitários, afirma Marcelo Rebelo de Sousa. O antigo presidente do PSD acredita que o «país profundo», como prefere chamar-lhe, tem futuro e considera que «muita coisa correu mal nestas últimas décadas» para que tudo tenha continuado na mesma. «Dava para um romance», ironizou o comentador.
Convidado do jantar-debate organizado pela Distrital da Guarda na noite de sexta-feira sobre esta temática, o professor universitário reconheceu que «nestes 40 anos houve coisas que não foram feitas, mas agora há uma nova oportunidade com os fundos que vêm de Bruxelas e tem de ser aproveitada, nomeadamente em quem vive no interior e que vai ter hipóteses que porventura não teve no passado». Para Marcelo Rebelo de Sousa – que lembrou que o pai era natural de Celorico de Basto e a mãe da Covilhã –, o desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas do país assenta em «três coisas fundamentais»: a educação, o investimento e as estruturas sociais.
«Tem de haver aqui polos educativos porque é isso que aprofunda a ligação dos jovens à terra. Depois, polos de desenvolvimento económico, aproveitando-se os fundos europeus para criar estruturas que permitam o estabelecimento duradouro de atividades industriais para fixar os jovens. Finalmente, deve apostar-se em bons equipamentos sociais e de saúde para aumentar a qualidade de vida de quem aqui vive», explicitou. Antes, o líder da Distrital social-democrata tinha sentenciado que «41 anos de democracia não deixaram resolvidos pelo menos dois problemas dos territórios do interior: a demografia e a coesão territorial». Carlos Peixoto acrescentou que, «para o interior ter futuro o país tem de fazer muito mais e melhor pelo interior», nomeadamente através do novo ciclo de fundos comunitários, que considerou a «“galinha dos ovos de ouro”» para desenvolver o interior.
Também Álvaro Amaro considerou no seu discurso que «é importante que as causas do interior sejam causas nacionais». De resto, o presidente da Câmara da Guarda e dos Autarcas Social Democratas notou que «o interior já não é interior, é um território de baixa densidade, mas com elevado potencial». Nesta iniciativa, que juntou cerca de 500 militantes e simpatizantes, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu a oito perguntas da assistência e ainda não foi desta que disse se é candidato a Belém, mas deixou um perfil do próximo Presidente da República: «Tem que ser mais interveniente e ter disponibilidade, feitio e capacidade de fazer pontes», disse, tendo ainda sugerido que o sucessor de Cavaco só deve fazer um mandato. «Cinco anos é uma eternidade, muita coisa muda», justificou o professor, cujo carisma e popularidade ficaram bem patentes ao longo da noite. Visitou todas as mesas do restaurante, distribuiu abraços, tirou “selfies” e fotografias, comprou cinco rifas de uma festa popular e até fez rir a plateia quando, para terminar a sua intervenção, se “indignou” por «um gorducho» ter comido duas sobremesas de profiteroles e ele nenhuma.
Luis Martins