Os encarregados de educação e a Junta de Juncais, no concelho de Fornos de Algodres, terminaram os protestos contra o fecho da EB1 da aldeia. Ao fim de uma semana, e perante a «intransigência» da Câmara, os cinco alunos ingressaram na última segunda-feira na escola de acolhimento na vila. A decisão foi unânime e saiu de uma reunião realizada na véspera, após a autarquia ter recusado abrir excepções e mantido a primária fechada.
«Os pais entenderam que continuar com o protesto poderia prejudicar gravemente os seus filhos», disse Manuel José Paraíso. Contudo, o presidente da Junta garante que a população não vai desmobilizar. Antes pelo contrário, foi colocada uma faixa negra na escola «em sinal de luto pela sua morte às mãos da Câmara», adianta. E serão enviadas diariamente cartas endereçadas ao presidente do município: «Simbolicamente, a missiva vai em branco para lembrar ao executivo que existe pelo menos uma escola no concelho onde já não há meninos para escreverem cartas», revela o autarca, para quem este é o primeiro passo para a «desertificação de Juncais». Em termos mais práticos, a Junta não abdica de contestar judicialmente o fecho da escola, pelo que a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) já foi notificada para indicar «qual o acto formal» que declarou o encerramento da EB1 de Juncais. Uma decisão já assumida entretanto pela Câmara, que, na última reunião do executivo, decidiu, por unanimidade, manter a escola fechada.
«Não podíamos tomar outra decisão, porque esta escola, com seis alunos, cumpre os requisitos definidos pelo Ministério da Educação para encerrar», disse José Miranda, sublinhando que as crianças de Juncais vão ter melhores condições de aprendizagem em Fornos. «A deslocação é uma solução pensada para o seu bem, já que vão ter mais e melhores recursos didácticos e pedagógicos», argumentou. O presidente da Câmara disse entender as «preocupações» dos pais, mas lembrou o acordo com a DREC para a construção «com carácter prioritário» de um centro escolar em Fornos de Algodres.
