Arquivo

Preocupações/Portagens

Crónica Política

Há temas e preocupações que devem unir toda uma região e que, pela sua importância e/ou gravidade, não podem, nem devem ser objeto de tomadas de posições por alinhamentos partidários ou sectoriais.

A questão do pagamento de portagens nas ex-Scuts é uma questão premente (que está na ordem do dia) e merece uma união de esforços, de todos, em defesa da sustentabilidade mínima dos agentes económicos num interior deprimido económica e socialmente, com uma grande área territorial e demograficamente desertificado.

Registo, de forma positiva, que a Assembleia da Comurbeiras, tal como a Assembleia Municipal da Guarda, sem distinção de representação política e partidária, tenham aprovado moções que consideram que a introdução de portagens terá consequências muito gravosas para a região.

Com efeito, como tem sido recorrente, não é demais recordar que os fatores que conduziram ao regime de isenção das ex-Scuts, nesta região, continuam a verificar-se, porquanto, continua a apresentar indicadores de desenvolvimento económico inferiores à media nacional e não existem alternativas nas vias rodoviárias secundárias, as antigas Estradas Nacionais 16 e 18.

As comissões de utentes e o Movimento dos Empresários do Interior estão contra o fim das isenções nas antigas SCUT. Lembram que as estradas alternativas são más ou nem sequer existem. O Governo diz que a medida está dentro das diretivas comunitárias que Portugal tem de cumprir. No entanto, os empresários que estoicamente subsistem, neste interior, não são ignorantes e sabem bem do que estão a falar, prevendo as consequências de mais este custo numa gestão que, em muitos casos, já não tem mais folga.

Acresce que, de forma absolutamente incompreensível, as portagens aprovadas (pelo anterior governo e aplicadas pelo atual), têm custos superiores nas ex-Scuts do Interior do que nas restantes auto estradas. Mesmo com a anunciada redução de 15%, nos custos das portagens, continuaremos a ter portagens mais caras nessas vias de comunicação, como resulta do quadro comparativo que se segue, elaborado, depois de consultar os sites das respetivas concessionárias:

Destino / AE / Kms / Preço por Km / Concessão

Lisboa ¨C Porto / A1 / 301 / 0,0696€ / Brisa

Guarda – Torres Novas / A23 / 217 / 0,0889€ / Scutvias

Vilar Formoso – Aveiro / A25 / 197 / 0,0794€ / Ascendi

% de preço superior à A1 na A23 – 27,73.

% de preço superior à A1 na A25 – 14,08.

Se o governo pretende reduzir em 15% o preço de todas as portagens nas SCUT (prevendo-se mais uma bonificação para os transportes de mercadorias), temos que, na A23, continua a praticar um preço superior em 12,73% ao da A1.

Lembremo-nos que, tanto a A25 como a A23, não são auto-estradas, de acordo com os critérios técnicos definidos para tal. Basta verificar que numa grande parte dos troços o separador central é apenas uma ténue barreira de betão, para além da aberração rodoviária que representa a famosa “curva dos 80” perto de Viseu.

Seguindo os bons exemplos de união acima referidos, é tempo de fazermos chegar esta mensagem a todas as instâncias comunitárias e governamentais, reivindicando para esta região, a dignidade na utilização das vias de comunicação a que temos direito independentemente dos erros ou da gestão danosa subjacente aos modelos que presidiram à sua construção.

Por: Manuel Rodrigues

Comentários dos nossos leitores
José Carlos josecarlos10@sapo.pt
Comentário:
A responsabilidade é política. São responsáveis aqueles que decidiram duplicar o IP5. Mantinham o IP5 e concluíam o IP3 com as características que tinham sido projectadas para Vila Real, e aí sim, construiam a Auto-estrada concessionada e paga de Viseu para Anadia servindo Aveiro e Coimbra. Isso é que era pensar; agora querer auto-estradas em todo lado sem movimento que justifique e o Alemão que pague é de ‘Tuga’. Obrigado pela atenção.
 

Sobre o autor

Leave a Reply