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Portagem entre Guarda e Castelo Branco poderá custar 4,5 euros

Custo por quilómetro a cobrar nas ex-SCUT situa-se entre 4,3 e 4,6 cêntimos, o que deixa a Guarda a 10 euros de Torres Novas

Já é conhecido o valor da portagem a cobrar na A23. Segundo António Mexia, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o custo por quilómetro das ex-SCUT situa-se entre os 4,3 e 4,6 cêntimos, valores correspondentes a 85 e 90 por cento da tarifa média da Brisa, actualmente de 5,1 cêntimos. O que significa que a portagem máxima que irá ser cobrada entre Torres Novas e a Guarda poderá atingir cerca de 10 euros, podendo variar entre os 9,80 e os 10,48 euros, correspondente aos 228 quilómetros do percurso entre o nó de saída da A1 e o limite Norte da auto-estrada da Beira Interior.

Esta solução vai encarecer sobremaneira a viagem pela A23, nomeadamente para o tráfego regional e nacional, fazendo com que, por exemplo, as deslocações entre Castelo Branco e a Guarda possam custar entre 4,21 e 4,50 euros. Curiosamente, estes são os valores mais altos a cobrar nas ligações inter-regionais superiores aos 30 quilómetros de isenção anunciados pelo ministro pela auto-estrada, uma vez que a viagem entre Torres Novas e o nó de ligação ao IP2, em direcção a Portalegre, deverá custar entre 3,87 e 4,14 euros. Já no Ribatejo Norte, a ligação entre os concelhos de Torres Novas e de Abrantes, dois concelhos que fazem parte da mesma Comunidade Urbana, vai ser portajada entre 1,29 e 1,38 euros. O anúncio do preço por quilómetro a cobrar nas ex-SCUT aconteceu na semana passada, tendo António Mexia invocado a «menor qualidade» destas auto-estradas, com mais nós de entrada e saída, para justificar a redução das tarifas relativamente às praticadas pela Brisa. De resto, o titular da pasta das Obras Públicas prometeu no Parlamento que metade dos concelhos atravessados pelas SCUT estará isenta de pagamentos de portagens, beneficiando ainda os residentes nos municípios abrangidos por estas vias de um período de isenção até quatro anos. Uma moratória que vai ser calculada com base nos índices locais de desenvolvimento e nas condições das vias alternativas.

Estes valores de portagens e medidas de isenção também serão aplicados na futura A25, actualmente em construção, mas por onde já se circula num primeiro torço entre a Guarda e Vilar Formoso. Neste percurso, de cerca de 42 quilómetros, os automobilistas passarão a pagar, a partir de Março de 2005, entre 1,80 e 1,93 euros para chegar à fronteira. Pior vai ficar quem vier de Torres Novas ou de Castelo Branco. No primeiro caso, e com base nos números revelados pelo ministro, os condutores terão que desembolsar primeiro entre 9,80 e 10,48 euros para chegar à Guarda e depois mais 1,80 ou 1,93 euros para poder seguir viagem até Vilar Formoso e à Europa. Se deitar contas à vida em Fuentes de Oñoro, onde vai começar a futura A-62 em direcção a Salamanca, sem portagens, verificará que gastou entre 11,60 e 12,41 euros. Mas quem vier de Castelo Branco também não vai ficar melhor, já que o percurso até à fronteira espanhola vai custar entre 6,01 e 6,43 euros. Evidentemente que estes valores dizem respeito a ligeiros de passageiros, uma vez que os pesados de mercadorias terão uma tabela de preços mais elevada.

Estes números foram recebidos com alguma incredulidade na região, onde as duas Comissões de Utentes, da Auto-Estrada da Beira Interior e IP5/A25, já reagiram dizendo que são «extremamente prejudiciais para a vida das pessoas e a economia destes distritos». Recorde-se que estas duas entidades têm programado para este mês uma grande acção conjunta de protesto contra as portagens. Entretanto, a Comissão de Utentes do IP5/A25 recolheu no último fim-de-semana, em Mangualde, mais de quatro mil assinaturas para o abaixo-assinado contra a introdução de portagens naquela via. Segundo a organização, a petição já obteve desde Abril um total de 25 mil assinaturas na região e deverá brevemente ser apresentada na Assembleia da República. «Trata-se, sem dúvida, do maior movimento de cidadãos alguma vez constituído nesta região», garante Francisco Almeida, porta-voz da comissão. E a recolha vai continuar.

Luis Martins

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