Arquivo

Polémica e suspeitas ensombram eleições para Federação do PS Guarda

Anteontem, não se sabia ainda se haverá mesmo escrutínio amanhã e com um ou dois candidatos

A confusão e as suspeitas estão instaladas no processo eleitoral para a Federação do PS da Guarda, cujos militantes vão a votos amanhã. Há hora do fecho desta edição [anteontem] não se sabia ainda se haverá um ou dois candidatos, uma vez que a Comissão Organizadora do Congresso (COC) chumbou a lista de Fonseca Ferreira. O adversário de José Albano Marques, que concorre a um terceiro mandato, já recorreu à Comissão Nacional de Jurisdição desta decisão e, por sua vez, ameaça interpor uma providência cautelar nos tribunais para impugnar as eleições.

Tudo porque, segundo o diretor de campanha de Fonseca Ferreira, não haverá condições para o escrutínio se realizar. «Há uma nulidade absoluta e insuprível dos estatutos, uma vez que a Comissão Política Distrital, reunida no último domingo, não deliberou sobre o número de delegados ao Congresso Federativo de 1 de julho», que também serão eleitos na sexta-feira. «Só haverá eleições se os estatutos do PS não forem cumpridos», insistiu Pires Veiga na conferência de imprensa da passada segunda-feira, durante a qual deixou claro que a candidatura avançará para os tribunais uma vez «recorridas todas as instâncias internas do partido». Fonseca Ferreira também garantiu que vai «até ao fim» e contestou a não aceitação da sua candidatura pela COC, alegando que «nada nos estatutos» o impede de se candidatar na Guarda. «Tenho as quotas em dias e capacidade eleitoral ativa e passiva, pelo que estou confiante numa decisão favorável da Comissão Nacional de Jurisdição», disse.

O candidato, que é militante na secção do Lumiar (Lisboa), espera ainda que este órgão dê provimento à exposição das irregularidades alegadamente cometidas durante o processo eleitoral, nomeadamente após «a clara derrota» de José Albano Marques nas concelhias. «Adiar as eleições é inevitável», declarou, sublinhando que, «em democracia, as eleições ganham-se nas urnas e não na secretaria». Fonseca Ferreira fez igualmente um balanço positivo da sua campanha ao considerar que os militantes se reviram no objetivo de «reerguer o PS da crise e desmobilização em que se encontra desde há dois anos». Nesse sentido, classificou de «humilhante» a derrota nas últimas legislativas e pediu um PS «mais ativo» em temas como as obras do Hospital Sousa Martins, a maternidade e as SCUT.

José Albano não vê motivos para adiar eleições

A reação de José Albano Marques não se fez esperar. A O INTERIOR, o atual presidente da Federação socialista rejeitou as denúncias do adversário, que acusou de ter «iludido e enganado os seus apoiantes e os militantes, mais parece que não sabe o que anda a fazer». Pior, considerou o caso do número de delegados uma «informação falsa e mais uma inverdade que tem prejudicado o PS e denegrido os dirigentes dos seus órgãos federativos e autarcas». É que o recandidato garantiu que a Comissão Política Distrital, presidida por Joaquim Valente, fixou no domingo, em Celorico da Beira, o número de delegados ao próximo Congresso «em 168», aos quais se somam as inerências com ou sem direito a voto, num total de 290 membros. «É pura mentira que não haja delegados e Fonseca Ferreira sabe-o porque alguns dos seus apoiantes participaram na reunião e até aprovaram a proposta por unanimidade», acrescentou.

Por isso, José Albano Marques não vê motivos para adiar as eleições. Pelo contrário, «se não houver será a maldade final de Fonseca Ferreira, que nunca tendo feito nada pelo distrito, iria assim deixar a sua marca da pior maneira». De resto, o recandidato referiu que, com estas polémicas, o adversário apenas está «a passar uma ideia deturpada» do PS e dos seus dirigentes, alegando que desconhece os estatutos. «Fonseca Ferreira candidatou-se na Guarda para ganhar currículo, porque nunca ganhou um ato eleitoral em lado nenhum», recordou também. Quanto ao chumbo da candidatura de Fonseca Ferreira, o dirigente também considerou que o adversário agiu «de má-fé, pois foi alertado para o facto de não constar dos cadernos eleitorais na Guarda a 31 de março. O que pretende é ganhar eleições na secretaria e na comunicação social».

Contudo, o presidente da Federação, eleito pela primeira vez em 2008, receia que todas estas polémicas venham contribuir para a desmobilização dos militantes no dia das eleições, sugerindo que «há muita gente magoada com este tipo de atitudes de trazer a vida interna do PS para a praça pública e de levantar suspeitas sobre a honorabilidade dos seus dirigentes».

Luis Martins Fonseca Ferreira e José Albano Marques trocaram acusações na última semana de campanha

Polémica e suspeitas ensombram eleições para
        Federação do PS Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply