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Pois, Pois

Obras na Praça Velha. Ao fim de não sei quantos adiamentos, parece que é desta, mais exactamente em Junho. A acreditar no arquitecto Saraiva, tudo estará pronto no final do ano. Deus o oiça.

Espero que após este tempo todo de “preparação”, a Câmara tenha arranjado soluções para atenuar os inevitáveis transtornos que isto vai causar à vida das pessoas, e em especial à dos comerciantes. É que, regra geral, as autoridades públicas estão-se nas tintas para esses pormenores, estilo isto é do interesse público, por isso agora aguentem-se à bronca até acabarmos o serviço. A coisa chega a ter contornos sádicos, como é o caso escandaloso das perpétuas obras-pára-arranca no Porto, que já causaram prejuízos incalculáveis aos comerciantes locais. Em qualquer país civilizado, este tipo de intervenções é devidamente planeado de modo a evitar atrasos e transtornos para o cidadão. Ainda por cima, estas obras são urgentes e importantes para a Guarda. Despachem lá isso!

Protagonistas do desenvolvimento local. A ESEG está a promover um ciclo de conferências intitulado: “Ordenamento do Território e Desenvolvimento Local”. Esta actividade é organizada pelo Centro de Geografia e Desenvolvimento, da Escola Superior de Educação, idealizado por Joaquim Brigas.

A primeira conferência ocorreu na passada Quinta-feira, tendo como convidada a Prof. Doutora Lucília Caetano da Universidade de Coimbra. Sublinho algumas ideias- chave. Ao contrário da situação criada na primeira geração de políticas de desenvolvimento, em que se favorecia a fixação de empresas externas (em regra multinacionais) mediante incentivos, na política de desenvolvimento local é a comunidade local que lidera o processo. Neste cenário, as chamadas microempresas (menos de dez trabalhadores) assumem um papel central. As autarquias locais devem funcionar como animadores e catalisadores de estratégias concertadas com o sector privado e outros agentes de desenvolvimento (Politécnicos e todo o tipo de associações). O desenvolvimento sustentado vem de dentro e não de fora. Numa palavra, o desenvolvimento exige protagonistas e faz-se, essencialmente, com (micro)empresas locais.

Surpresas ou talvez não. A Espanha elegeu para primeiro-ministro um Sapateiro. Tudo bem. A democracia é isso mesmo. A esquerda tentou atrelar estes resultados eleitorais ao apoio do senhor Aznar à guerra no Iraque, estilo aqui está o que acontece a quem apoia as aventuras americanas. Muito bem. Só que, passados quinze dias, a direita francesa, que se opôs veementemente a essa guerra, apanhou uma cabazada nas eleições regionais. Neste caso, a esquerda preferiu não se pronunciar sobre as eventuais ligações destes resultados com a posição anti-guerra do Governo francês de direita. Pois, pois…

Os resultados das eleições francesas deveriam servir de lição ao PS português por outro motivo. Explico-me. Os socialistas passam a vida a amaldiçoar o Governo pela sua obsessão com o défice público, o que, supostamente, está a dar cabo da economia. O Governo francês, ao contrário do português, mandou às urtigas o défice público e continuou a violar alegremente o Pacto de Estabilidade e Crescimento. De nada serviu. A economia francesa está uma lástima e este Governo é um dos mais impopulares do pós-guerra. Cenário semelhante ocorre na Alemanha, onde o principal partido do poder (o SPD), apesar de também se estar a borrifar para o défice, nunca teve uma popularidade tão baixa em toda a sua história.

Moral da história: se o PS está a pensar ganhar eleições com argumentos como a guerra do Iraque ou a “obsessão” pelo défice, é capaz de vir a ter uma surpresa.

Por: José Carlos Alexandre

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