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Américo Rodrigues domina cultura na Guarda

Animador cultural vai ser o director artístico da sala de espectáculos e o coordenador geral de todos os equipamentos culturais da autarquia

Américo Rodrigues vai ser não só o director artístico da futura sala de espectáculos da Guarda, mas também o responsável pela gestão de todos os equipamentos culturais da Câmara, soube “O Interior” junto de fonte ligada ao processo. A decisão foi recentemente tomada por Maria do Carmo Borges e implica uma mudança radical na gestão da Mediateca VIII Centenário, Biblioteca e Livraria Municipal e Paço da Cultura, que funcionaram sempre com alguma autonomia e um coordenador próprio. A escolha deverá ser brevemente comunicada ao executivo, a par da proposta de gestão escolhida para o novo recinto de espectáculos da cidade.

A opção implica ainda a nomeação de um novo coordenador para o Núcleo de Animação Cultural, que, soube “O Interior”, deverá sair da actual equipa que tem colaborado com Américo Rodrigues, que passa a ser uma espécie de director-geral da Cultura na autarquia. Esta centralização de competências e responsabilidades prende-se com a necessidade de uma política mais racional e coordenada da futura actividade cultural da cidade, uma vez que a abertura da nova sala de espectáculos, prevista para Novembro deste ano, vai exigir uma maior complementaridade e criatividade nos eventos a levar a efeito na Guarda. Uma alteração que terá ainda repercussões no financiamento deste sector, um dos mais importantes do orçamento municipal. O objectivo é evitar gastos supérfluos, mas, segundo “O Interior” pôde apurar, o actual animador cultural terá obtido a garantia da presidente de que a cultura vai continuar a ser uma «área privilegiada» pelos dinheiros municipais. A escolha de Américo Rodrigues para a direcção artística da nova sala de espectáculos não causou surpresa, uma vez que as suas qualidades de programador e criador cultural são reconhecidas por todos. Créditos firmados durante cerca de 20 anos na autarquia que levaram Maria do Carmo a promovê-lo para um lugar de supervisor da actividade da Mediateca VIII Centenário, Biblioteca e Livraria Municipal, bem como do Paço da Cultura, cujos respectivos coordenadores passarão a ser seus subordinados. Instada a comentar a decisão, a presidente da Câmara não confirmou nem desmentiu o assunto e recusou-se a adiantar pormenores dizendo que os mesmos só serão conhecidos quando o tema for levado à reunião do executivo.

Reformulações técnicas na sala de espectáculos

O mesmo se passa em relação à futura gestão da nova sala de espectáculos. Também aqui a solução já está encontrada, mas a presidente continua a optar pelo segredo até que o documento seja discutido e votado pelos vereadores. Em cima da mesa estarão três perspectivas. A criação de uma empresa municipal ou de uma fundação terão sido encaradas com mais interesse jurídica, administrativa e financeiramente, enquanto a possibilidade de constituição de uma associação parece estar posta de lado. O grupo de reflexão formado para o efeito por Américo Rodrigues (animador cultural), António José Dias de Almeida, António Godinho (ex-presidente do “Aquilo”), José Manuel Mota da Romana e Victor Afonso (Mediateca) terão mesmo analisado outras experiências do género em Portugal, onde a prática oferece um pouco de tudo, embora as mais bem sucedidas aconteçam com fundações, empresas municipais ou companhias residentes. O que já é certo é que o município vai ser o maior contribuinte da futura sala de espectáculos, cuja entidade gestora deverá ainda procurar eventuais mecenas para diversificar as fontes de receita de uma estrutura que se prevê de difícil gestão e rentabilidade.

Como “O Interior” já tinha noticiado em Janeiro passado, a programação da futura sala de espectáculos da Guarda deverá ser apoiada substancialmente no âmbito do Programa Operacional da Cultura (POC) e do emergente Instituto das Artes (IA). Uma ajuda que não será de enjeitar e será proporcional ao dinamismo do projecto, mas que só estará disponível a partir de 2006, depois de testado o funcionamento da emergente rede de teatros municipais. No terreno, o primeiro módulo do projecto guardense está em fase de acabamentos, enquanto o edifício principal entrou na fase de toscos. Ali nascerão dois volumes «puros e duros» pouco habituais por estas bandas. Contudo, ambos os espaços carecem de algumas adaptações e reformulações de carácter técnico, que têm sido discutidas entre Américo Rodrigues, já na qualidade de director artístico, e os técnicos da obra.

Luis Martins

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