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Pois, Pois…

SEM CANDIDATOS E SEM EXIGÊNCIA. Estamos a menos de um ano das eleições autárquicas e ninguém sabe ao certo quais vão ser os próximos candidatos à câmara da Guarda. Está mal. Nesta altura do campeonato, já os candidatos deveriam estar a formar equipas, a estudar os problemas e a definir as prioridades para o concelho, tendo em conta a desesperante situação financeira da autarquia. Mas não. Far-se-á, como sempre, tudo em cima do joelho, à boa maneira portuguesa. É a famosa improvisação, que para os saloios passa por uma grande virtude nacional. Mas não é. É meio caminho andado para o desastre. Como se sabe, em Portugal estuda-se pouco – mas opina-se muito! Não há rigor. É a cultura do “a gente tem uma ideia”, do “mais ou menos”, do “se-não-é-bem-assim-é-parecido.” Tudo sinais de uma cultura sem exigência (com os outros e connosco), que os nossos políticos reflectem transparentemente. E isto é dramático.

Por exemplo, se uma cidade é suja, não é só porque os cidadãos são sujos, mas também porque a câmara não limpa nem obriga as pessoas a serem limpas. As autoridades têm de dar o exemplo. Porque, ao contrário do que se diz, os autarcas têm de ser melhores do que os portugueses. Mas na maioria dos casos não são. Pelo menos, na Guarda não têm sido. O resultado está à vista: a organização das cidades é confrangedora. Vive-se muito mal nas cidades portuguesas. A Guarda é um excelente exemplo pela negativa. É inconcebível que um lugarejo de 25 mil habitantes tenha problemas de trânsito e de estacionamento – só quem anda com a cabeça na lua é que não vê a total irresponsabilidade (e/ou incompetência) dos autarcas no (ausente) planeamento do concelho e da cidade.

Tudo isto para concluir o seguinte: o lento processo de escolha dos candidatos à câmara da Guarda não augura nada de bom. A raiz do problema mantém-se.

SEM PERDÃO. Este governo tornou-se indefensável. Percebi isso quando há uns dias, a assistir a um debate na RTP 1, sobre o caso Marcelo, dei comigo a concordar ponto por ponto com o inefável Fernando Rosas do Bloco de Esquerda. Basta-me isto para jamais perdoar Santana Lopes.

SEM AUTORIDADE MORAL. Alguns elementos do PS mostram-se muito indignados com a tentativa desastrada do governo em controlar os media. Não deviam. O PS só aceitou à última hora, e contrariado, a privatização dos órgãos de comunicação social (televisões, rádios, jornais) no início da década de 90. Quando se apanhou novamente no poder com Guterres, não resistiu a renacionalizar órgãos de comunicação social através da compra da Lusomundo pela PT, onde o Governo detém uma coisa estranhíssima chamada golden share que lhe dá um enorme poder de controlo e influência sobre as empresas do grupo. Nesta matéria, o PS não tem autoridade nenhuma para dar lições de moral a quem quer que seja.

SEM SAÌDA. Metade dos portugueses duvida da retoma económica. Eu, confesso, faço parte deste grupo de pessimistas. De facto, ultrapassámos as duas últimas grandes crises graças a estímulos externos. Em meados dos anos 80, foi a baixa do petróleo e do dólar, seguidas de uma avalanche de fundos comunitários. Em meados dos anos 90, foi a grande descida da taxa de juro, resultante da nossa adesão à União Monetária Europeia, que fez disparar a procura nacional – infelizmente, os efeitos fizeram-se sentir mais sobre o consumo e os gastos públicos do que sobre o investimento privado e hoje ainda andamos a pagar a factura de algumas loucuras então cometidas. Mas, neste momento, não se vislumbra nada que nos possa atirar para um novo ciclo de prosperidade. Como dizia Cavaco Silva, só nos resta rezar.

Por: José Carlos Alexandre

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