Pinhel é já uma cidade de referência a vários níveis. É uma referência de qualidade de vida ambiental, como a maioria das cidades do país. Mas é sobretudo nos âmbitos da cultura, da inovação e do investimento que Pinhel se destaca. Como é muitas vezes referido, quase sempre, as localidades de todo o interior do país, de Norte a Sul, estão cada vez mais afastadas das do litoral e este afastamento não é logicamente geográfico, mas sim relativamente aos âmbitos anteriormente referidos. Estas localidades são ‘acusadas’ de estarem completamente desprovidas de vida social e cultural e de nada fazerem para evoluir e crescer. Observemos então Pinhel neste último par de anos. Uma cidade com ‘apenas’ cerca de 3500 habitantes, num município de ‘apenas’ cerca de 9.500 habitantes, onde o Executivo responsável não baixou os braços perante estes ‘apenas’ habitantes e demonstrou uma profunda preocupação e respeito para que também eles, apesar de serem ‘apenas’ alguns, merecem ter as oportunidades culturais, de qualidade e conforto que têm os muitos habitantes das cidades do litoral. Surgiram em Pinhel investimentos de empresas fabris de dimensões consideráveis, que criaram e vão ainda criar centenas de postos de trabalho. Estes investimentos estão a atrair novos investimentos de menor dimensão a nível privado, novos serviços, novas apostas, beneficiando cada cidadão e todo o município com a variedade de oferta que se começa a sentir ao percorrer a cidade, com uma intervenção aqui, uma limpeza da fachada ali, o que leva a cidade a ‘cuidar-se’ crescentemente. A própria requalificação urbana da Rua da República e do Largo Ministro Duarte Pacheco, espaço amplo pontuado com uma Fonte Cibernética, são espaços que proporcionam ao cidadão uma vivência diária com maior qualidade, com áreas de descanso e contemplação.
Para além da preocupação no conforto dos cidadãos é notória a vontade de crescer, de evoluir, de deixar de ser uma pequena cidade do interior com um potencial histórico e turístico enorme mas desaproveitado, para ser uma cidade Histórica, como o é, com caraterísticas tão únicas, ricas e diferenciadoras, e evidenciar e divulgar essas mesmas caraterísticas.
Exemplo prático desta vontade foi a reabilitação de dois edifícios históricos, património da cidade, o Posto de Turismo com a Loja de Produtos Endógenos e o Museu Municipal de Pinhel, inaugurados recentemente pelo então Sr. Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, ambos com programas de extrema importância quer na divulgação da cidade e concelho, quer na atração de visitantes e turistas. Com o Museu Municipal de Pinhel, os visitantes conseguem perceber e ficar cativados com a descrição e evolução da cidade, podendo visualizar textos e instrumentos das mais variadas épocas históricas. Com a Loja de Produtos Endógenos, aberta todos os dias, os visitantes e turistas, têm a oportunidade de ficar a conhecer e comprar os produtos regionais, que até agora era difícil adquirir aos fins-de-semana. Aqui estão representados os produtores do concelho, contribuindo assim este novo equipamento não só para a divulgação do que melhor se faz gastronomicamente na região, mas também para o crescimento económico-financeiro desses mesmos produtores.
O novo Posto de Turismo para além de uma sala de receção aos visitantes, com netpoint e posto de venda de merchandising como recordação do concelho, possui também uma praça coberta, prolongamento do Largo Ministro Duarte Pacheco para o interior do edifício, onde o visitante ou turista mesmo chegando à cidade após encerramento deste, pode consultar as informação necessárias sobre a cidade num totem digital interativo, como a localização do centro de saúde, farmácias, restaurantes e locais para pernoitar. Outro ponto que tem destacado a cidade de Pinhel como uma cidade de referência, são as diversas apostas a nível social e cultural. Uma cidade com ‘apenas’ 3500 habitantes possui uma agenda cultural riquíssima, onde os filmes exibidos no cinema são os exibidos nas salas dos grandes centros comerciais, onde há tertúlias sobre os mais diversos temas da atualidade, onde também se pode usufruir de peças de teatro, recitais e inúmeros concertos de extrema qualidade, onde a educação é colocada num patamar superior proporcionando às crianças e jovens, atividades intelectuais e artísticas inovadoras. Uma cidade com ‘apenas’ 3500 habitantes consegue deter e organizar eventos de interesse nacional como foi o caso de ‘Vinhos e Sabores da Beira Interior’ ou como é o deste fim-de-semana, a Feira das Tradições, que registou no ano passado cerca de 40mil visitantes. Afinal este ‘apenas’ é tanto, afinal este ‘apenas’ é tão valorizado, e ainda bem que assim o é. Por tudo e por cada um, Pinhel é hoje em dia uma cidade, uma cidade de referência.
Joana Correia Saraiva
Arquiteta
