Todos os dias, à noite, a Avenida de São Miguel e os passeios de outras artérias da cidade da Guarda enchem-se de pessoas, dos 0 aos 90 anos. Uns passeiam a pé, outros levam a bicicleta, os mais pequenos vão de triciclo e ainda há os bebés que são empurrados no carrinhos pelos pais. Em passo de marcha ou em passeio, muitos são os que caminham, vestidos a rigor: fato de treino e sapatilhas. Por prazer, recomendação médica ou para eliminar algumas gordurinhas “indesejáveis”, muitas são as razões que levam centenas de pessoas a sair de casa, algumas acompanhadas por uma garrafa de água. Tudo porque passear a pé: faz bem e dá saúde.
«Aqui, na Estação até há passeios largos e pistas para passear e andar de bicicleta, mas nós não costumamos vir para estes lados, calhou hoje» diz Rita Monteiro, de 23 anos, a mais nova do grupo que estava junto à rotunda do Pingo Doce e equipada a rigor, a descansar da longa caminhada. «Também não há muitos sítios na cidade para dar uma volta a pé», remata ironicamente Marisa Monteiro, 28 anos, enquanto dá mais um golo da garrafa de água. Mas mesmo assim diariamente, ao cair da noite, as quatro amigas juntam-se e vão dar uma “voltinha” a pé. Naquele dia faltou uma. Fazem-no por prazer e uma por recomendação médica, a qual prefere não falar disso, tudo se reúne num só motivo «porque faz bem à saúde», constata a amiga. Desta vez saíram do Bairro da Luz, em direcção ao Bairro do Pinheiro e desceram até à Estação. Mas, geralmente, o percurso é outro, «costumamos ir até ao Parque ou para o Estádio Municipal», refere Patrícia Almeida, 27 anos, «até porque não há muitos espaços para caminhar», acrescenta. Para além, que «os passeios estão todos esburacados e outros acabam abruptamente», critica a jovem desportista. Depois de ingerir alguns líquidos e carregadas as baterias meteram-se outra vez ao caminho.
Já Maria do Carmo Gonçalves, 43 anos, vai todos dias passear para aquelas bandas, com os filhos e com o marido, mas a passo mais ligeiro. Sempre que pode dá uma escapadela depois de jantar. «Venho do Bairro Nossa Senhora de Fátima, atravesso a passagem de nível e depois percorro a Avenida da Estação e regresso a casa», conta a enfermeira. Em vez dos ginásios, «passear é mais saudável», diz com a sabedoria de quem sabe. E ainda aproveita o lazer para «uns dedos de conversa» com algumas pessoas amigas com quem se cruza.
Também Patrícia Ferreira, com 16 anos, passeia habitualmente com os amigos, preferencialmente à noite, «por causa do calor», remata a jovem envergonhada. Mas é só por «puro prazer», constata Patrícia Ferreira, estafada, pois está já na recta final do seu percurso, a subir para a Sequeira, depois de ter dado a volta pela Estação. «Ás vezes, até nos acotovelamos nos passeios» frisa Ana Marques, que faz este passeio todos os dias à noite. Sai do Bairro de Santo António, em direcção à Estação e depois chega à rotunda junto ao Pingo Doce e volta para trás. Quase sempre com amigos, vizinhos ou familiares, porque «sozinha é um pouco monótono», confessa. «Uns quilinhos a mais do que os desejáveis e pelo prazer de passear» são alguns dos motivos que a levam a sair de casa diariamente com uma garrafa de água na mão. Já Ana Fonseca, de 28 anos, não vem todos os dias, mas sempre que pode e quando o calor aperta em casa, mete-se ao passeio, preferencialmente, depois do jantar. Como vive na Avenida de São Miguel num instante chega à zona pedonal e depois segue até ao Bairro de São Domingos e volta pelo mesmo caminho. «Sinto-me bem a caminhar, por isso venho passear ocasionalmente», diz a jovem.
Patrícia Correia