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Burlão “ataca” na Guarda e Covilhã

Indivíduo entregou cheques sem cobertura a várias lojas de electrodomésticos e do ramo da restauração

Vários empresários e comerciantes da Guarda, Covilhã e Gouveia foram alvo da astúcia de um burlão nos últimos meses. O indivíduo, bem falante e que aparenta ter 30 e poucos anos, actuou prioritariamente em lojas de electrodomésticos e do ramo da restauração. A estratégia utilizada passou por entregar cheques, ao que tudo indica, furtados, falsificando depois a assinatura. As vítimas burladas apresentaram queixa na PSP, que já deverá ter recolhido todas as informações sobre o homem, alegadamente oriundo da zona do Fundão.

Em duas das lojas de electrodomésticos burladas na Guarda, os prejuízos rondam os 2.500 euros, cada, sendo que o estratagema usado foi semelhante. O indivíduo, acompanhado de um rapaz, apresentou-se nas lojas dizendo que era de Portalegre e que necessitava dos equipamentos com uma certa urgência, tendo até discutido preços. «O homem chegou aqui numa sexta-feira, com toda a naturalidade do mundo, a dizer que tinha um restaurante em Portalegre e que precisava de uma máquina de descascar batatas para o fim-de-semana», lembra António Pires, gerente da Friague, situada na Póvoa do Mileu. Como não tinha a máquina na loja, o empresário foi ao armazém, altura então aproveitada pelo suposto cliente para «ir fazer uma cobrança à Castanheira». A indicação deu a António Pires a ideia de que parecia «um conhecedor da zona», recordando que o burlão «discutiu preço e até pediu um desconto». E a seguir passou um cheque de cerca de 2.500 euros, de uma empresa que «disse ser sua», refere. «É um vigarista, bem falante e inteligente. Tanto que depois perguntou se eu não lhe queria fazer um orçamento porque pretendia ampliar e remodelar o restaurante», acrescenta o empresário.

O pedido alarmou António Pires, que pouco depois confirmou os seus receios. «Depositei o cheque numa segunda-feira e nesse dia tentei contactá-lo por causa do orçamento, mas já não consegui. Aí comecei logo a desconfiar que tinha sido enganado», indica. Apresentou de imediato queixa na PSP, mas admite ter «poucas esperanças» em reaver o dinheiro. Outra situação, em tudo idêntica a esta, ocorreu no dia 20 de Abril, na Guardasom. O mesmo indivíduo, acompanhado de novo por um «miúdo de 15 anos», apareceu na loja num dia de «muito movimento», o que levou a que os seus dados não tivessem sido conferidos, explica Joaquim Guerra, um dos proprietários do estabelecimento. Escolheu então, entre outras coisas, material para fazer um “karaoke”, uma máquina fotográfica e um rádio gravador, tudo para um bar que supostamente iria abrir em Portalegre. O valor do equipamento “adquirido” também rondou os 2.500 euros. O indivíduo, «bom comunicador e bem vestido», esteve mais de uma hora na loja, tendo regateado no preço. «Não queria o mais caro que deveria ser para não dar nas vistas», aponta o comerciante. «Deixou-nos os telefones, mas como era um dia de muito movimento e tínhamos que sair todos para uma acção de formação, nem conferimos a matrícula do carro», recorda.

PSP tem imagens

Mais uma vez, o cheque apresentado era proveniente de uma empresa de Portalegre, mas o “ataque” nesta loja acabou por resultar num possível “trunfo” para a investigação policial. É que a Guardasom possui câmaras de vigilância, pelo que ficaram várias imagens do burlão e que «já foram entregues à polícia», confirma Joaquim Guerra. Entretanto, após várias diligências, a PSP já terá confirmado possuir todos os elementos do indivíduo, como o seu verdadeiro nome e morada. Contudo, os agentes terão dito ao empresário que «não o podiam prender porque estava fora da sua zona de jurisdição, apesar de saberem que tinha feito “n” crimes», lamenta. Outro alvo deste burlão foram as lojas de restauração. Mostrando ter mais do que um alvo predilecto, o mesmo indivíduo encomendou e “comprou” quatro leitões ao popular “Ti’ Augusto dos Leitões”, a quem, uma vez mais, entregou um cheque sem provisão, voltando a utilizar o argumento de que «era de Portalegre», revela Augusto Santos Maria. Ao que “O Interior” conseguiu apurar, outros estabelecimentos de vários ramos na zona da Guarda, Gouveia, Covilhã foram alvos deste burlão nos últimos cinco meses.

Ricardo Cordeiro

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