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Parque Eólico em Trancoso só em 2006

Novo investimento com outra empresa está em “stand-by”

Dois anos depois do “pontapé de saída” daquele que seria o primeiro parque eólico do distrito da Guarda, o projecto de Lagar-Pingulinha, em Trancoso, ainda não é visível por causa dos impasses governamentais.

«O que sabemos relativamente à Generg é que a empresa pretende instalar o parque eólico em 2006», comenta António Oliveira, vice-presidente da Câmara de Trancoso, e que devem informar em breve sobre a calendarização desse investimento. «Parece estar tudo dependente de receber a potência necessária», acrescenta. Segundo elementos da empresa, o parque eólico deve estar em funcionar dentro de dois anos, no entanto, está tudo dependente do ponto de interligação e da potência atribuída, «a qual foi muito inferior à pretendida», diz António Oliveira. A empresa até pretendia começar a construir já no próximo ano, mas «por motivos que lhe são alheios não é possível», refere. Segundo o vice-presidente da autarquia, Portugal está «a perder muito tempo na sua aposta nas energias alternativas», porque há alguns projectos para parques eólicos «mas são poucos os que estão em fase de instalação ou concluídos», lamenta, constatando que eles não param de crescer em Espanha e noutros países da Europa. De facto, «estamos muito longe de cumprir as metas comunitárias» que são exigidas para 2010, «não sei, se pelo facto da EDP ter negócios cruzados na área do gás e petróleo», especula o vice-presidente.

O seu receio é que «infortúnio» venha a ter repercussões a nível nacional, pois Portugal «vai ser o país da Europa pior preparado para os tempos que se avizinham de petróleo caro». Segundo especialistas, para que a meta de 2010 seja alcançada seria necessário inaugurar um parque eólico por semana, «o que não vai acontecer certamente», desconfia. Recorde-se que em 2002 foi celebrado um protocolo de colaboração entre a autarquia, as Juntas de Freguesia de Castanheira, Sebadelhe da Serra e Terrenho e a Generg, na altura uma empresa do universo do IPE, hoje privada, para a concretização do parque eólico de Lagar-Pingulinha. Há dois anos o parque foi apresentado pela Generg à primeira fase de candidatura, tendo-lhe sido atribuída uma potência para esta região em função da capacidade disponível que «a rede eléctrica nacional podia receber e face às linhas existentes», recorda António Oliveira. O projecto eólico apresenta uma previsão potencial de 32 MW distribuídos por seis torres, cada uma com dois MW. Um projecto «muito importante» e com uma dimensão «significativa», garante o vice-presidente, já que investimento ascende aos 35 milhões de euros. A Generg vai ainda disponibilizar dez por cento do capital social do projecto a um ou mais investidores locais que queiram participar. A própria autarquia tem direito a usufruir de 2,5 por cento da produção do parque. Entretanto já foi celebrado um novo protocolo com outra empresa para a instalação de outro parque eólico, mas a candidatura ainda não foi formalizada porque a segunda fase foi anulada sucessivamente e ainda não foi reaberta.

Em Penamacor tudo corre sobre vento

Está previsto que em 2005 o vento de Penamacor já possa produzir qualquer coisa como 240 GWh por ano graças à instalação de um parque eólico na zona de Santa Marta, Santo André e Charrinho. Energia suficiente para satisfazer os consumos dos concelhos vizinhos de Castelo Branco e Covilhã e que se estima poder gerar anualmente cerca de 13 milhões de euros de receitas. Apesar de ainda não ter começado a instalação e o processo estar em fase de análise, António Cabanas, vice-presidente da Câmara de Penamacor, está bastante optimista quanto à concretização desta infraestrutura «até pela antecipação das previsões», as quais apontavam para 2006. Assim, a partir de Março do próximo ano já será possível visualizar as torres, assegura o vice-presidente de Penamacor.

Entretanto foi atribuído ao parque uma potência de cerca de 100 MW, «o que é um valor muito considerável», mas para isso «é preciso uma linha de alta tensão entre Benquerença e o Ferro», explica António Cabanas, a qual já está em fase de estudo de impacto ambiental no Ministério do Ambiente e que será iniciada logo que. O projecto foi desenvolvido pela Tecneira, empresa especializada, em colaboração com a autarquia local, que vão investir entre 85 a 120 milhões de euros no parque eólico, constituído por 35 aerogeradores de dois MW de potência a instalar nas cotas mais elevadas das freguesias de Penamacor, Meimoa e Benquerença, em zonas florestais de produção que não implicarão por isso grandes impactos ambientais. A Câmara de Penamacor vai ter direito a uma renda mensal de 2,5 por cento sobre a factura da energia vendida à rede durante 20 anos, a duração da exploração, o que equivale a um benefício anual de 325 mil euros, tendo ainda assegurado uma renda complementar de mais 2,5 por cento nos primeiros dez anos do parque que «já estamos a receber», sublinha o vice-presidente da autarquia. Para além destes benefícios económicos, o parque possui outra importância vital que se manifestará em todo o concelho, dado que vai «projectar a actividade económica municipal» em termos de energia e criar postos de trabalho, quer na fase de construção, quer de exploração.

Patrícia Correia

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