A instalação de 17 aerogeradores nas proximidades de Sortelha, no âmbito do projecto do novo parque eólico do concelho do Sabugal, do consórcio Eneope, está a ser contestado na Aldeia Histórica. Um grupo de habitantes lançou uma petição on-line e está a recolher assinaturas porta-a-porta com o objectivo de impedir a obra, por considerar que as torres vão destruir a envolvente da aldeia e prejudicar o turismo.
O movimento “Vamos salvar Sortelha” está na Internet desde o passado dia 4 e será enviado a partir de terça-feira ao Governo, Presidente da República, Câmara do Sabugal e Junta de Sortelha, entre outras entidades. Na última terça-feira, a acção contabilizava cerca de 500 assinaturas. «A instalação das torres eólicas vai desvirtuar de forma irreversível a envolvente da aldeia», afirma Joaquim Tomé, habitante de Sortelha e um dos dinamizadores do movimento, que também está na blogosfera (vamossalvarsortelha.blogspot.com). «Somos a favor das energias renováveis, mas, neste caso, estamos a falar de poluição e destruição da Aldeia Histórica», considera o também primeiro subscritor da petição, ao referir que a Eneope pretende instalar aerogeradores a cerca de um quilómetro de Sortelha. Lembrando que são já várias as torres que se avistam actualmente da aldeia, este residente considera que «ainda estamos a tempo de impedir que mais venham a ser instaladas».
«Há que salvar esta pérola que não é só de alguns, mas de todos», afirma. Joaquim Tomé está convicto que, a ser feita a obra, as torres vão afastar os turistas, «principalmente os do Norte da Europa, que têm uma grande sensibilidade» para as questões do desenvolvimento sustentável. «Embora seja uma preocupação legítima, não será da população em geral, mas antes de um círculo restrito de pessoas», reage o presidente da Câmara do Sabugal. António Robalo refere que a autarquia licenciou o parque depois de terem sidos agregados todos os pareceres necessários, que, «como se sabe, requerem grande rigor». De resto, o terceiro parque eólico do concelho foi entregue ao consórcio Eneope «depois do Governo lançar concurso público, e faz parte de uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável», lembra. Trata-se de um investimento de 130 milhões de euros e abrange, além de Sortelha, as freguesias de Águas Belas, Pousafoles do Bispo, Penalobo, Bendada e ainda Benespera (concelho da Guarda) e Maçaínhas (Belmonte). No total, está prevista a montagem de 50 torres eólicas.
«Tudo tem prós e contras», prossegue o edil social-democrata, para quem «as eólicas são limitadas no tempo, ao contrário da Aldeia Histórica». Já a presidente da Junta, a socialista Fernanda Esteves, diz estar numa «posição neutra» nesta polémica. «Quem acompanhou o processo foi a Junta anterior», esclarece. Contudo, os terrenos em causa não são baldios, mas de privados e «já há contratos assinados», sendo que os proprietários vão receber rendas pela sua ocupação, revela. «Acaba por ser positivo para quem tem esses terrenos e que estão improdutivos», afirma Fernanda Esteves, para quem «dificilmente o turismo vai ser afectado», até porque «já se conseguem ver muitas torres eólicas de Sortelha». «Em tudo há vantagens e desvantagens», acrescenta. O anterior presidente da Junta, que aprovou a instalação do parque, desvaloriza o protesto. Luís Paulo constata também que são várias as torres que já se avistam da aldeia e, quanto às novas, «muitas delas não se vêem» de Sortelha. «Não se irá mexer no património», argumenta ainda.
| Comentários dos nossos leitores | ||||
|---|---|---|---|---|
|
||||
