Viver no Interior deste País, não pode ser uma fatalidade, mas sim terá de ser um local onde as pessoas tenham as mesmas condições de vida e acesso aos mesmos meios – educação, saúde, serviços, transportes, etc. – que os restantes Portugueses! Não somos Cidadãos de segunda!
Este fim-de-semana o Jornal Expresso, publicava um trabalho inovador sobre a prevenção de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). a maior causa de morte em Portugal, e referia que há actualmente nove hospitais com estas valências, sendo que estão TODOS no Litoral! Braga, Grande Porto, Coimbra e Grande Lisboa.
A vida de um cidadão do Interior não tem a mesmo valor que a de um do Litoral?
Porque não existem por exemplo, nos Hospitais de Vila Real, Viseu, Guarda ou Covilhã e Évora estas mesmas valências?
Não pagamos impostos como os do litoral? Não temos portagens mais caras que a A5 que liga Lisboa a Cascais, onde andam diariamente os grandes responsáveis pela situação a que chegamos neste País?
Há uns dois meses, um Secretário de Estado, salvo erro da Economia, dizia aqui na Guarda, que quase devíamos estar agradecidos porque o preço que pagamos pela electricidade é igual ao dos grandes centros urbanos! Segundo ele, os custos de distribuição são mais elevados porque somos menos! Mas onde estão as barragens? É no Litoral? Ou os rios nascem do mar?
Estamos num momento em que se iniciará uma nova legislatura e seja O Primeiro-Ministro de Portugal o Dr. Pedro Passos Coelho, ou o Dr. António Costa terá de se lhe fazer sentir que estamos indignados com isto! Aqui está por certo um tema que TODOS os Deputados eleitos pelos ciclos eleitorais do INTERIOR de Portugal, desde Bragança a Faro, terão de fazer lobby! Para nos defender é que foram eleitos e não para aqueles faits divers diários que mais não servem do que nos desviar das coisas essenciais!
A culpa desta situação é muito nossa! Reivindicamos pouco! Contentamo-nos com pouco!
Escolhi este título (de uma música dos Ala dos Namorados) para a minha crónica porque de facto os Srs. que estão em Lisboa, parece que nos querem fazer crer que lhes devemos estar agradecidos! A terra não gira ao contrário e os rios também não nascem no mar!
Eu não me resigno!
Por: Rodolfo Queirós, enólogo