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«Os colecionadores são os guardiões da história da cerveja»

Cara a Cara – Rui Avilez Valente

P – Este ano, o encontro vai ter uma festa da cerveja e um concurso de cerveja artesanal. A que se deve esta aposta e o que poderão encontrar os visitantes no fim-de-semana?

R – A grande aposta é a divulgação do colecionismo cervejeiro e daquilo que melhor se fabrica em Portugal a nível da cerveja. Nesta edição, e como a cerveja artesanal começa a ganhar o seu espaço, teremos pelo menos quatro marcas presentes (Vadia, Deusa, Maldita e a 5f’s), além da Sagres, que é a cerveja oficial do evento, pois sem o apoio da Sociedade Central Cervejas e da Câmara Municipal seria impossível organizar este encontro. Teremos também a presença de algumas cervejas internacionais para que os visitantes tenham a oportunidade de as degustar e comprar. Outro objetivo é promover uma melhor cultura cervejeira e, para tal, vamos realizar um concurso de cerveja artesanal que vai distinguir as duas melhores. O prémio IN LOCO será para a cerveja escolhida pelo júri oficial, composto por elementos ligados ao mundo cervejeiro provadores de Portugal e Espanha. Já o prémio Celoricense resultará de uma votação do público. Os visitantes ainda podem ver o que é o colecionismo cervejeiro graças a jogos e sorteios, sendo que vamos falar sobre o fabrico da cerveja com o mestre cervejeiro Pedro Sousa (Cerveja Sovina). Haverá ainda gastronomia local, animação musical, uma manhã desportiva no domingo e uma exposição de algumas das peças mais raras de Portugal.

P – A participação dos colecionadores nesta feira e exposição tem vindo a aumentar?

R – Este encontro já ganhou o seu espaço a nível do colecionismo. Na primeira edição tivemos a presença de colecionadores de Portugal e Espanha, já na segunda edição, além destes, estiveram presentes colecionadores do Brasil, Rússia e Argentina. Este ano vai ser o mais fraco a nível de participantes, muito por causa da crise, mas mesmo assim vão estar presentes colecionadores de Portugal e Espanha.

P – Haverá peças muito raras em Celorico da Beira? De que tipo e com que valores?

R – Há sempre peças especiais neste tipo de eventos. Raridades também podem aparecer, embora seja difícil pois em Portugal existem poucas marcas de cerveja e as peças mais raras são muito difíceis de encontrar, mas quem sabe se alguma vai aparecer. A maioria dos colecionadores portugueses colecionam copos e bases de cerveja e neste campo existem peças que podem valer quantias da ordem dos 100 euros.

P – Quanto pode valer uma peça rara deste tipo de colecionismo?

R – O valor é muito relativo em Portugal, mas existem peças com algum valor. Por exemplo, um copo pode chegar aos 75 euros e uma base pode alcançar 100 euros – já vi peças em que o valor de aquisição era de 1.000 euros. A nível internacional, aí sim existem peças que podem chegar ao milhão de euros por um espelho muito antigo da cerveja Guinness, por exemplo, ou bases de cerveja a 200 euros e latas a 500 euros, etc.

P – O que leva uma pessoa a dedicar-se ao colecionismo cervejeiro?

R – É difícil de dizer, mas para mim é acima de tudo o gosto por esta bebida milenar, pela beleza de algumas peças e, no final, pelo marketing ligado ao colecionismo. Mas não podemos esquecer algo muito importante: os colecionadores são os guardiões da história da cerveja, pois, por vezes, são os donos de peças únicas que as próprias marcas não têm nos seus museus. E a história da cerveja conta-se nas peças que foram saindo ao longo dos anos.

P – Ser colecionador nesta área significa ter de provar muita cerveja para conseguir peças?

R – Sim. Nalgumas situações existem colecionadores que não bebem cerveja, mas a maioria, além de colecionadores, são apreciadores de cerveja e até temos pelo menos uma pessoa que começou no colecionismo e hoje é produtor de cerveja. O mesmo se passa comigo, comecei a colecionar e atualmente sou provador de cervejas.

P – No seu caso, tem mais de 29 mil peças. Qual é o seu limite?

R – Não existem limites e eu não os tenho. Enquanto puder, continuarei a adquirir peças e a aumentar a coleção. Só por curiosidade, no estrangeiro existem colecionadores com mais de 200 ou 300 mil peças.

P – Qual é a peça que ainda não conseguiu para a sua coleção e o que conta fazer para a obter?

R – Gostava de poder ter mais peças de cerveja portuguesa, mas é difícil, pois algumas são raríssimas e quando aparecem o valor pedido é muito alto, por isso vamos com calma. O que aparecer é sempre mais uma peça a juntar à coleção.

Rui Avilez Valente

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