As vicissitudes de viver numa cidade como a Guarda são de diversa índole. Entre as muitas com que todos temos de conviver, o estacionamento, ou antes, a falta dele, é das mais aborrecidas para o cidadão.
Há alguns meses atrás li n’ “O Interior” uma crónica do senhor António Ferreira que me pareceu curiosa, e que aqui quero recordar. O cronista parodiou uma conversa que teve com o senhor vereador Carvalhinho sobre as respostas que este deu sobre a existência de muitos locais para deixar o carro na Monsenhor Mendes do Carmo. Uma palermice (…), mas que o senhor vereador afirmou nas rádios. O cronista sugeriu então que os cidadãos fossem autorizados a deixar o carro no parque subterrâneo da Câmara. A sugestão parece absurda, mas faz todo o sentido. Se o senhor Carvalhinho acha que o cidadão comum, que tem de cumprir horários, que tem pouco tempo para tratar de assuntos no centro, que vai à pressa fazer uma compra, pode ir a pé, sempre a subir até ao centro, e depois regressar, perfazendo mais de um quilómetro a pé, então porque não há-de ser ao contrário? Sim, porque os vereadores, ou a senhora presidente, não têm de cumprir horários, nem têm pressa, pois têm o tempo livre que quiserem e bem podiam andar em transporte público ou ir a pé. Assim ficavam a conhecer a cidade e os seus problemas. Foi deles, e dos respectivos antecessores, a culpa da cidade crescer sem plano. Deviam ser eles os primeiros prejudicados pelos respectivos erros, mas não! Somos nós, que lhes pagamos os imerecidos ordenados, quem deve andar a pé!
Agora vêm com a sugestão de silos por tudo o que é lado. Ideias avulsas e circunstanciais próprias de quem não pensa o futuro e não planifica. As grandes obras não podem ser lançadas assim. Como muito bem criticou o director de “O Interior” ao referir que não se pode decidir com medo a “buzinões”. A Guarda e os guardenses mereciam melhor. Mas como cada um só tem o que merece, a culpa é nossa dos dirigentes que temos.
Luís Almeida, Guarda