O processo de revisão dos estatutos do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) deverá estar concluído em Maio ou Junho de 2008. O anúncio foi feito pelo presidente da instituição na última quarta-feira, na sessão solene de abertura do ano lectivo e comemorativa dos 20 anos da Escola Superior de Educação (ESEG). Jorge Mendes disse-se preocupado com o modo como o processo de Bolonha está a ser aplicado nalguns cursos e com os 35 por cento de especialistas que os politécnicos vão ser obrigados a ter no corpo docente.
Esta terça-feira foram eleitos os 15 elementos representativos dos docentes e dos alunos, enquanto que, a 8 de Janeiro, será escolhido o quinteto que representará a comunidade. Caberá depois a estes 20 elementos, mais o presidente do IPG, formar a assembleia estatutária que deverá tomar posse a 18 ou 19 de Janeiro. Este órgão irá liderar o processo de revisão dos estatutos, adaptando-os às exigências do novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES). De acordo com Jorge Mendes, o processo deverá estar «totalmente concluída entre Maio e Junho de 2008», considerando o assunto «demasiado importante» para o futuro próximo da instituição e que a assembleia estatutária irá desenvolver um trabalho «determinante». O professor frisou que esta é uma «oportunidade histórica de nos reorganizarmos internamente, de maneira a aproveitarmos melhor os recursos humanos e financeiros de que dispomos e que são cada vez mais escassos», salientou.
«Embora enquadrados por uma lei que, nalguns aspectos, é castradora e limitadora, os espaços de autonomia concedidos têm que ser aproveitados», reforçou. Na sua intervenção, Jorge Mendes considerou haver ainda «um longo caminho a percorrer» para que o processo de Bolonha seja sinónimo de sucesso: «Todas as instituições, e não o IPG em particular, avançaram para o processo quase como uma espécie de bandeira de modernidade e é preciso é mudar o paradigma do ensinar e do aprender. No nosso caso, existem alguns desequilíbrios, já que dentro da mesma escola há cursos cuja adaptação está a correr muitíssimo bem e outros que não estão a ter uma adaptação tão fácil», alertou. No seu discurso, defendeu também que o futuro do IPG terá que passar pelo aumento do número de doutorados e pela constituição de um corpo docente que junte «professores da carreira académica e especialistas provenientes da actividade profissional, para proporcionar aos alunos um ensino de qualidade e de elevado nível de especialidade».
De resto, esta é uma questão «ainda mais essencial» para o Instituto, que vai constituir um «desafio, se calhar, mais complicado no curto prazo do que propriamente os doutorados», uma vez que os politécnicos «serão obrigados a ter no seu corpo docente 35 por cento de especialistas, um conceito que ainda não está totalmente definido do ponto de vista legal», sublinhou. Até porque o número de doutorados, que hoje é de 34, tem vindo a aumentar nos últimos anos e deverá atingir os 50 no final de 2008. Quem também discursou foi Joaquim Brigas, director da ESEG, que comemorou 20 anos de existência, um período em que a escola se tornou «mais atenta e dinâmica, aberta à sociedade civil» graças à investigação científica e à prestação de serviço à comunidade. Nesta cerimónia, o IPG, que possui cerca de 3.800 alunos, atribuiu bolsas de mérito a 11 estudantes e certificados a duas dezenas de professores e funcionários com mais de 15 anos de serviço. Ausente da sessão esteve Francisco Jaime Quesado, o gestor do Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento, que não pôde estar presente.
Ricardo Cordeiro