As provas estão fechadas e os resultados no segredo dos deuses até 4 de julho. Mas o presidente do júri do oitavo Concurso de Vinhos da Beira Interior, cuja primeira fase decorreu na Guarda no final da semana passada, adianta que os concorrentes deste ano causaram «muito boa impressão pela sua enorme qualidade».
Aníbal Coutinho, que presidiu ao júri pela terceira vez consecutiva, afirma que nestes últimos anos tem sido difícil premiar os melhores porque «há sempre muitos vinhos com médias superiores para dar ouro». O crítico de vinhos, que também vai coordenar o concurso, confessa que no primeiro ano em que participou ficou surpreendido pela qualidade dos néctares da Beira Interior. «Mas essa qualidade não estava disseminada por todos os produtores, nessa altura, se calhar, nem todos teriam vinhos medalháveis. Hoje já não é assim porque uma das coisas muito positivas deste concurso é o esforço de todos os produtores se colocarem ao nível de uma qualidade que possa justificar medalhas», refere Aníbal Coutinho. O cenário é tal que, de acordo com o presidente do júri, atualmente será «muito difícil encontrar um vinho que seja mais rústico na Beira Interior».
Esta mudança aconteceu graças ao concurso, mas também como resposta ao mercado dos vinhos de qualidade. «A quota desta região vitícola está a crescer pouco a pouco, tendo partido de uma base muito ténue porque sempre foi uma região encostada às grandes regiões vinícolas do Douro e do Dão», declara o especialista. O segredo deste crescimento está na qualidade da matéria-prima, mas também no desempenho dos produtores: «Hoje em dia os produtores enchem-se de orgulho e querem ser eles próprios com as marcas da Beira Interior a afirmarem-se no mercado nacional. É uma mudança muito importante», reconhece Aníbal Coutinho. Em 2014, as exportações cresceram 8,6 por cento relativamente ao ano anterior, segundo a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), organismo sediado na Guarda. Já a produção de vinho certificado aumentou para cerca de 20 milhões de litros no último ano.
O Concurso de Vinhos da Beira Interior é organizado pela CVRBI, NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda e AEBB – Associação Empresarial da Beira Baixa. Este ano concorrem 27 produtores com 75 vinhos brancos, tintos, espumantes e frisantes, que foram analisados por um júri constituído por enólogos, escanções, membros das câmaras de provadores e representantes de outras comissões vitivinícolas. Os resultados serão divulgados a 4 de julho, durante um jantar de gala a realizar em Idanha-a-Velha. No ano passado, o vinho branco Marquês D’Almeida, da CARM – Casa Agrícola Reboredo Madeira, foi eleito o melhor vinho da Beira Interior, tendo sido atribuídas 11 medalhas de ouro e 13 medalhas de prata.
Luis Martins