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Obras do Palácio do Picadeiro vão recomeçar

Trabalhos pararam há cinco meses por não estar a ser cumprida a Lei do Património Nacional

Depois de uma paragem de cerca de cinco meses, as obras do Palácio do Picadeiro, em Alpedrinha, podem recomeçar. O a delegação regional do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) de Castelo Branco já autorizou a autarquia do Fundão a continuar a requalificação após o Instituto Português de Arqueologia (IPA) ter aprovado o plano de trabalhos arqueológicos para o edifício do início do século XIX.

Segundo José Afonso, director regional do IPPAR, as obras pararam por «não estar a ser cumprida a Lei do Património Nacional», acreditando que tudo não tenha passado apenas de um «erro técnico», pois o presidente Manuel Frexes é «uma pessoa empenhadíssima» na recuperação do património do concelho. Nesse sentido, considera que o técnico responsável pela obra deve ser «chamado à responsabilidade» para não haver mais atropelos ao património, uma vez que se «cometeram coisas graves neste caso», nomeadamente «alguns furos em telhados de pedra que não deveriam ter sido feitos». O responsável acredita por isso que os problemas e a polémica gerada entre o IPPAR e a autarquia serão «sanados», não sem antes lamentar as críticas apontadas ao instituto pelo autarca. «Tenho que fazer cumprir a lei e não é por uma questão de fundamentalismo», justifica, lembrando que o IPPAR «não pode fechar os olhos, nem permitir a intervenção nos edifícios à margem das regras elementares das cartas do património».

Por sua vez, o vereador Paulo Fernandes está convicto de que não haverá mais atrasos, uma vez que o IPA já deu o seu aval e porque a obra sempre teve «acompanhamento arqueológico». De resto, e face aos atrasos, o autarca conta ter concluída a estrutura física do edifício ainda este ano. «Mas só estará pronto para abrir ao público daqui a um ano», refere. O imóvel que vai acolher a sede da Fundão Turismo – Empresa Municipal foi adquirido pelo município há 26 anos, mas desde 1999 que estava cedido à Liga dos Amigos de Alpedrinha. A autarquia activou em 2003 a cláusula de regressão para recuperar a antiga casa senhorial de estilo barroco, construída em finais do século XVIII/início do século XIX. A intervenção está orçada em cerca de 800 mil euros e tem financiamento assegurado no Interreg III, no âmbito do projecto “Rota das Transumâncias”. Serão apenas utilizados três materiais – ferro, madeira e vidro – para manter a traça original, mantendo-se ainda os três pisos do edifício que serão ocupados por espaços histórico-museológico e histórico-geográfico, para exposições e um centro de documentação/centro de apoio ao visitante.

Liliana Correia

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