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«O passivo da Cooperativa é muito mais do que 500 mil euros»

Cara a Cara – Entrevista: Manuel Ramos

P – Porque decidiu avançar para a presidência da Cooperativa de Fruticultores da Cova da Beira após a demissão do anterior presidente?

R – Só tomei a decisão depois de uma reunião em que um número razoável de associados me pressionou muito para avançar para a presidência da Cooperativa. Não lhes dei logo uma resposta afirmativa, só depois de pensar e de falar com a família, onde ninguém me apoiou nesta decisão, mas eu senti-me fragilizado pela pressão que foi feita e também pela confiança que todos depositaram em mim para que avançasse.

P – Qual é a situação financeira da instituição?

R – Tem uma dívida muito grande, mas não há dúvidas de que se tivermos a capacidade para convencer – e eu acho que sim –, quer os seus associados, quer os fornecedores e clientes, que retomem a confiança, achamos que há matéria-prima em toda a região para que a Cooperativa possa, embora com alguns anos de carência, saldar os compromissos que estão criados nesta altura. Com a vontade de trabalhar com que estão todos os órgãos sociais eleitos, estamos certos que seremos capazes de dar a volta por cima.

P – O passivo ronda os 500 mil euros?

R – Não. Não lhe vou dizer exactamente quanto é, mas é muito mais do que 500 mil euros.

P – Que medidas é que pensa implementar para ultrapassar esse passivo?

R – Para já, fazer um levantamento muito grande e exacto dos pomares que os associados têm, as suas qualidades e quantidades para que possamos criar mercado e oferecer aos consumidores toda a produção. Em segundo lugar, estamos já a enviar comunicações a clientes e a fornecedores a explicar que a Cooperativa mudou de mãos, tem novos órgãos sociais que querem, de facto, que a instituição continue a ter um lugar no mercado e em que todos confiem. Também queremos conquistar novos mercados.

P – Como é que se chegou a esta situação?

R – Direi que no meio de tudo isto há muita irresponsabilidade por parte de quem geriu a cooperativa nestes últimos 10 anos, mas também porque os sócios não se interessaram activamente pelo seu estado geral. Se assim fosse, não se teria chegado tão longe em termos negativos.

P – Quantos trabalhadores tem actualmente? Vão ser dispensados alguns?

R – São 17. Inevitavelmente, vai haver dispensas porque a cooperativa não tem trabalho. Tal como está actualmente, não tem ocupação para os trabalhadores todos. Já realizámos uma reunião com todos eles e vamos ver qual é a melhor forma de podermos fazer a dispensa de alguns e depois, em alturas em que a cooperativa tiver mais trabalho, vamos novamente admiti-los, porque queremos que a instituição crie dimensão para poder ter os funcionários a trabalhar. Ainda não sabemos quantos é que vão ser dispensados. Primeiro vamos fazer a selecção para cada sector, de modo a ficarmos com o mínimo e isso é uma intenção já definida.

P – Quantos sócios tem actualmente a cooperativa?

R – Neste momento, tem entre 600 a 700 sócios, mas efectivos e a funcionar em termos de movimento actual e constante é capaz de andar pelos 300.

Manuel Ramos

«O passivo da Cooperativa é muito mais do
        que 500 mil euros»

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