A companhia Teatro Estúdio Fontenova atua amanhã à noite no TMG (21h30) com a peça “O Homúnculo”, a partir do icónico e subversivo texto de Natália Correia.
A dramaturgia foi apreendida pela PIDE após a sua primeira e única edição em 1965 e nunca tinha sido representada por nenhuma companhia profissional de teatro. Nela a escritora falava de um país que «não vem no mapa» e onde «um homem impõe a sua vontade e governa acima de todos os outros, será que um só homem consegue manter o poder sobre dez milhões de almas?», interrogava-se Natália Correia (1923-1993), conhecida pela sua audácia, irreverência e frontalidade. Defensora da liberdade e da cultura, a autora desenvolveu uma intensa atividade como escritora, poetisa e ensaísta, tendo lutado também contra o fascismo e a ditadura de Salazar. Tanto assim que, nos anos 50, a sua residência em Lisboa foi um dos locais conhecidos pela resistência que oferecia ao regime.
Em 2015 a publicação do texto fez 50 anos e o grupo teatral de Setúbal decidiu levar à cena esta «tragédia jocosa em forma sátira política» para evocar a versatilidade de Natália dramaturga, a sua contemporaneidade e cruzamento entre palavra poética e linguagens cénicas. O espetáculo estreou no Fórum Municipal Luísa Todi em março desse ano com dramaturgia de Armando Nascimento Rosa e encenação de José Maria Dias. A interpretação é de Bruno Moraes, Eduardo Dias, Ricardo Guerreiro Campos e Sara Costa.