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O fado na alma de Tânia Patrício

A pousadense continua a cantar mas a música «não ocupa tanto quanto gostaria» do seu tempo

O fado corre-lhe nas “veias” desde a infância. Tânia Patrício tinha «10 ou 11 anos» quando o pai a ouviu cantar “Canção do Mar”, de Dulce Pontes. A naturalidade e emoção com que as notas saíam da sua voz conquistaram António Patrício, que não tardou a procurar outros palcos para a filha.

«O Grupo de Fados da Guarda ia atuar em Pousade e o meu pai falou com eles para eu fazer uma audição, pois seria engraçado cantar na minha terra natal», recorda Tânia Patrício, hoje com 27 anos. Mas o que era para ser uma participação especial repetiu-se, com a jovem a acompanhar o grupo até lançar a solo “Alma de Fado”, em 2000. O disco, gravado ao vivo, resultou de uma atuação da pousadense, então com 14 anos, no Paço da Cultura da Guarda. O lançamento contou com a presença do «grande compositor» Arlindo de Carvalho, pelo que esta sucessão de acontecimentos felizes ainda está bem viva na memória da fadista, que atualmente reside em Vila Garcia. Cresceu ao som do fado, hoje Património Imaterial da Humanidade, e foi através dele que aprendeu a expressar sentimentos pela música, mas a sua carreira contou entretanto muitas voltas e novas experiências.

Em 2007, “Obsessão” apresentava Tânia Patrício numa nova vertente (o “pop romântico”) e explorava a sua versatilidade em palco, sendo que atualmente canta qualquer estilo musical. Ainda assim, identifica-se mais com o fado, onde tem as principais referências, de Amália Rodrigues a Maria da Fé, passando por Dulce Pontes, Mariza e Carminho. «É um estilo bem recebido, mesmo pelos mais novos», considera Tânia Patrício, que lamenta que, «neste momento, a música não ocupa tanto do meu tempo como gostaria». As dificuldades no mundo artístico são múltiplas, nomeadamente com a crise económica e a «concorrência desleal», pelo que «poucos artistas vivem exclusivamente da música», afirma a cantora, que já participou em vários programas de televisão e rádio. «Estou a desenvolver um projeto agrícola em apicultura e, sempre que possível, faço as minhas atuações para quem me queira ouvir», sublinha. Já o futuro passa, por enquanto, pelo concelho que a viu nascer, mas «amanhã não sei como será», admite a jovem fadista.

Sara Quelhas Aos 14 anos, a fadista estreou-se a solo com “Alma de Fado”

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