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«O afastamento só pode ser justificado por razões políticas»

Os directores do Centro de Saúde de Pinhel e Aguiar da Beira foram exonerados do cargo

Armando Sousa, ex-director Centro de Saúde de Pinhel foi exonerado do cargo que ocupava há cinco anos, na passada sexta-feira. O médico destituído não encontra outras razões plausíveis senão as de ordem política. Mas a Coordenadora da Sub-Região de Saúde, Emília Pina, diz estar só a cumprir a nova legislação.

Rui Teixeira é o director que se segue, mas as mudanças a nível distrital não se ficam por aqui pois em Aguiar da Beira, o director do Centro de Saúde, João Silva, foi substituído por António Lacerda, irmão do Governador Civil da Guarda.

A notícia de que a partir de segunda-feira seria substituído «chegou através de um telefonema de Emília Pina», conta o médico Armando Sousa que lamenta a atitude «pouco ética da coordenadora», apesar de ter sido posteriormente informado formalmente. Em relação aos motivos da exoneração, o médico acredita «que não há nada de objectivo ou plausível». Até porque Armando Sousa não tem dúvidas e reafirma a ideia de que «o afastamento só pode ser justificado por razões políticas». O trabalho que desenvolveu enquanto director permitiu colocar o Centro de Saúde de Pinhel num lugar prestigiado, e sublinha até que «foi considerado um dos melhores a nível regional». Durante os cinco anos que esteve em exercício sempre considerou que era um cargo técnico, mas «há pessoas que o entendem como um cargo político», lamenta Armando Sousa. A resposta dada pela Sub-Região de Saúde da Guarda de «mudança pela mudança não me convence», refere o ex-director. Porém, o médico sublinha que não é o facto de ter sido destituído que o revolta, mas «o acto em si é que choca». De resto vai manter-se como clínico no Centro de Saúde de Pinhel.

Também João Silva, director do Centro de Saúde de Aguiar da Beira foi substituído por António Lacerda, e comunga da mesma opinião que Armando Sousa, pois «não encontra razões susceptíveis para a exoneração».

Para a Coordenadora, Emília Pina, o processo «está conforme a nova legislação», já que com a nova lei e a entrada em vigor da entidade reguladora os novos directores têm que ser obrigatoriamente nomeados ou reconduzidos. Nesse sentido a Sub-Região de Saúde da Guarda já decidiu em relação a dez Centros de Saúde, nomeadamente, Celorico da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Mêda, Seia, Vila Nova de Foz Côa, Sabugal e Figueira Castelo Rodrigo. E agora, Aguiar da Beira e Pinhel. Tem sido um processo gradativo «conforme as disponibilidades e as situações», explica. Por isso Emília Pina diz não compreender a revolta criada em torno das recentes nomeações que não estão relacionadas com questões políticas, «mas com a lei». E, no caso especifico da nomeação de Rui Teixeira, «a escolha foi pesada, principalmente, pelo currículo», destaca a coordenadora. Na medida em que o período do mandato é de três anos, e o ex-director já se encontrava em exercício há cinco anos, Emília Pina acredita que «é necessária a mudança dos responsáveis».

Patrícia Correia

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