P – Como está o processo de ligação às bibliotecas de Coimbra e Salamanca?
R – O processo está a decorrer, mas o atraso na conclusão da obra da biblioteca da Guarda não permite que se avance mais rapidamente. No entanto, ainda não sabemos quais serão os moldes de cooperação entre as duas bibliotecas, mais a biblioteca do Politécnico da Guarda. A ligação vai facilitar sobretudo o acesso à informação existente nas bibliotecas da Universidade de Salamanca, de Coimbra e do próprio Politécnico, apesar do acesso a esta última ser mais fácil.
P – Quando é que poderão mudar para as novas instalações?
R – Iremos mudar para o Centro de Estudos Ibéricos (CEI) assim que a biblioteca esteja pronta. É que o espaço da Quinta do Alarcão foi concebido como um conjunto, com uma interligação entre o edifício do CEI, a biblioteca e o espaço exterior, que tem um pequeno auditório ao ar livre. Assim sendo, há infraestruturas de utilização comum que estão na biblioteca, nomeadamente servidores de acesso à Internet, entre outras coisas que são básicas para o funcionamento do CEI. Trata-se também de uma questão de funcionalidade, de diminuição de custos e eficácia de recursos e entendeu-se que só faria sentido mudarmos para as novas instalações quando a biblioteca estivesse pronta. Nunca esperávamos que a biblioteca demorasse tanto a estar concluída e estamos muito dependentes da sua conclusão.
P – A existência de condições físicas é determinante para a visibilidade do CEI junto da opinião pública?
R – Não creio que isso seja fundamental, porque o trabalho que fazemos, mais ou menos apertados, numa sala do edifício da Câmara, vamos continuar a fazê-lo na sede. As nossas actividades baseiam-se quase todas nas conferências realizadas na sala da Assembleia Municipal ou no auditório e, se já estivéssemos na sede, teríamos que continuar a realizar as actividades na Câmara, o que, operacionalmente, não faria sentido. O CEI já tem alguma visibilidade, nomeadamente junto de estudantes em termos de ciclos de conferência. Contudo, claro que gostaríamos que tivesse muito mais visibilidade, mas penso que o caminho faz-se caminhando e cada passo tem que se dar de uma forma consistente e segura e mais vale avançar calmamente.
P – Que projectos tem para o CEI?
R – A nível de ensino e formação iremos manter o ciclo de conferências, mas talvez, para o ano, lhe venhamos a dar um novo formato. No entanto, apostaremos sempre na formação, porque um dos objectivos do CEI é também qualificar os recursos humanos da zona transfronteiriça. Ao nível da investigação, e como os resultados têm sido francamente positivos, neste momento temos já duas publicações com trabalhos de bolseiros e investigadores que temos vindo a apoiar desde 1994 e penso que têm contribuído para um melhor conhecimento da região. Em termos de iniciativas e eventos, temos o Prémio Eduardo Lourenço, os cursos de Verão e outras iniciativas esporádicas, como exposições. Em termos editoriais, para mim, é onde o CEI mais se tem destacado, pois já vamos no número 11 da colecção Iberografias, que já tem algum prestígio.
P – Quais são os ganhos concretos, para a Guarda, com o CEI?
R – Penso que também temos feito algumas coisas nesse domínio, nomeadamente ao trazermos profissionais e conferencistas de outras áreas e de outras regiões para participar nas nossas iniciativas. Estamos a mostrar que aqui existe uma actividade científica e cultural, que, apesar de estar a dar os primeiros passos, tem muito para dar. Pretendemos também ser uma plataforma de entendimento, diálogo e cooperação entre os dois lados da fronteira, e penso que isso pode ser muito positivo e significativo na divulgação que as pessoas podem fazer da nossa actividade, e promover ao mesmo tempo a cidade.
