O cenário nacional dos resultados a Matemática é, mais uma vez, marcado pelo elevado número de negativas que preocupam alunos, professores e encarregados de educação. Mas não há regra sem excepção, neste caso protagonizada por Pedro Pissara, aluno de 17 anos da Escola Secundária da Sé, na Guarda, que obteve 20 valores no exame nacional de Matemática da primeira fase.
O jovem, natural e residente na cidade, recebeu a notícia com grande satisfação. «Fiquei feliz, mas confesso que me senti nervoso antes do exame». Com um percurso escolar marcado por bons resultados em todas as disciplinas, de que é exemplo a média final do 12º ano acima dos 18 valores, Pedro Pissarra acredita que o sucesso exige empenho, pois «a melhor metodologia é estudar ao longo do ano, para que esta fase dos exames seja mais desafogada». Por isso, o resultado não foi fruto do acaso, mas sim de um «esforço mais acentuado», explica, revelando que sempre estudou com o objectivo de ser médico. «Propus-me conseguir uma boa média, pois não considerei a hipótese de ser outra coisa na vida», assume. Para este aluno, o grau de dificuldade do exame nacional de Matemática não fugiu do habitual, mas admite que «se não tivesse estudado não seria igual», até porque «um bom resultado é a melhor recompensa do nosso trabalho». A necessidade de estudar e o sentido de responsabilidade são duas características que Pedro Pissarra considera essenciais para os futuros universitários. «É preciso muita força de vontade, pois a Matemática exige um trabalho diário», sublinha.
Para além do estudo continuado, é importante ter «um professor que consiga incutir o gosto pela disciplina aos seus alunos», o que aconteceu no seu caso. A Matemática é encarada como uma das disciplinas mais difíceis do secundário, perante a qual grande parte dos estudantes perde a confiança. Mas, na sua opinião, cabe aos professores «dissociarem a ideia de dificuldade da disciplina». Porém, prever o insucesso antes de começar a estudar é, para muitos, uma realidade que leva «os alunos a não tentar ultrapassar certas dificuldade, porque está incutido que é difícil», acrescenta. Por consequência, a realização das provas nacionais levam ao aumento de ansiedade nos jovens, que encaram «os exames como algo que mexe com o seu psicológico», confirma. No entanto, o stress nem sempre é negativo, pois «é necessário um pouco de nervosismo para nos sentirmos motivados. Tive a sorte de não bloquear nos exercícios», acrescenta Pedro Pissarra. Apesar da igualdade de circunstâncias na realização das provas, muitos alunos acreditam que «os exames não avaliam as competências de cada um» e, tendo em conta que «há dias menos bons, poderia não ter o mesmo resultado se fizesse o exame noutro dia», refere.
«Nada cai do céu»
Para o jovem, as explicações extra-curriculares são «um apoio fundamental para tornar o estudo mais fácil». Constata, no entanto, que os professores não concordam com essa opção, «por acreditarem que leva à menor atenção dos alunos durante as aulas». Outro «apoio imprescindível» de Pedro é a família, que tem feito «o necessário para que tudo corra normalmente, sem nunca pressionar para estudar», revela. E porque «nem tudo se resume ao estudo e aos bons resultados», Pedro Pissarra não dispensa a presença dos amigos na sua vida, com quem adora viajar, sair e jogar futebol. Um desporto que pratica desde os 5 anos no NDS, onde já conquistou vários títulos distritais. Também gosta de música, sobretudo as batidas tecno e house. No fundo, não é «apologista da ideia do bom aluno que não vive a vida». Mas a sua está prestes a mudar, lá para o fim do Verão, quando serão conhecidas as colocações no ensino superior. Uma nova etapa onde espera «poder viver coisas que só acontecerão uma vez», afirma. Com o objectivo de atingir uma realização pessoal há muito delineada, o futuro médico procura dar o melhor de si próprio, sem nunca esquecer que a sua felicidade passa por «ter a noção de que nada cai do céu». Por enquanto, a universidade ainda é «uma indecisão» entre concorrer para a capital e a “cidade dos doutores”.