«Sem aquela Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), a situação seria mais problemática. Então é que os esgotos corriam pela encosta abaixo». Fernando Matos, director do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), desvaloriza o caso do tubo de saneamento cortado na zona da Torre e estranha que «não tenha havido tanto barulho quando não havia ETAR» que tratasse os efluentes domésticos e pluviais no ponto mais alto do continente.
Vários blogues de carácter ambiental dedicados à Serra, com destaque para http://estrelanoseumelhor.blogspot.com, denunciaram esta semana que um fio de água acastanhada está a ser despejado a céu aberto nas traseiras do centro comercial existente na Torre. A situação verifica-se há dois meses, desde que uma antena de telecomunicações foi derrubada pelo vento e quebrou o cano, mas só será corrigida quando as condições climatéricas o permitirem: «É difícil trabalhar ali nesta altura do ano por causa das baixas temperaturas. Mesmo assim, o empreiteiro só está à espera de tempo melhor para detectar a avaria e consertá-la», adianta Fernando Matos, acrescentando tratar-se de uma obra do parque. O responsável refere que a ETAR é subterrânea, «uma das poucas existentes em Portugal», e está a funcionar há um ano. «É um equipamento essencial para reduzir o impacto ambiental dos efluentes, que antes não eram tratados, numa área com alguma ocupação humana», indica.
Segundo as denúncias na Internet, quando não há neve, são visíveis vários detritos e há cheiros nauseabundos no local. O referido blogue já refutou as explicações do director do PNSE, alegando que se «está a mascarar» o problema. «O que se pode ver no local é mesmo dois tubos, perfeitamente cortados, a verter resíduos encosta abaixo», contrapõe o sítio da Internet, que critica a demora em resolver o problema. «É incrível ter-se conhecimento desta situação desde Novembro e nada ter sido feito. Será que teremos que esperar pelo Verão para resolver esta vergonha?», interroga-se. O blogue promete não se ficar por aqui e anuncia para dia 5 mais uma denúncia de outro caso de «atentado ambiental na Serra da Estrela».