Depois dos acontecimentos políticos que levaram ao assalto ao poder, para uns, e a uma simples interpretação da Constituição, para outros, Costa acabou por formar um governo para Portugal. Parece que vai conseguir fazer a quadratura do círculo com o seu inovador e fantástico programa de governo. Por um lado, jura que irá cumprir a meta do défice e por outro vai pôr mais dinheiro nos bolsos dos portugueses, esperando relançar a economia. Fantástico.
Se a receita era assim tão simples, porque raios é que o governo do PSD nos obrigou durante quatro anos a um fortíssimo aperto de cinto, com cortes brutais no poder de compra? Cambada de burros. Burros e sádicos pois, se Passos e Portas tinham à mão uma receita tão maravilhosa como a de CCJ (Costa, Catarina e Jerónimo), por que perniciosa, pouco altruísta e sádica razão não a aplicaram ao país aquando da vinda da “santíssima” trindade? Tivessem os CCJ pegado nisto há quatro anos e estaríamos com o nível de vida da Finlândia. É o que espero que venha a acontecer com o meu maravilhoso país nos próximos anos. Para essa sanidade financeira irão contribuir as reversões dos negócios com a TAP, CP, CP carga, Metros de Lisboa e Porto que, como toda a gente sabe, são empresas altamente lucrativas para o erário público e que têm contribuído nas últimas décadas para sucessivos “superavits”. Foi então por criminosa pirraça de P&P que foram dadas para adoção aos privados.
O poder do PCP nos sindicatos dos transportes possibilitou a desmarcação de uma série de greves previstas. Jerónimo terá mandado dizer que ficaria mal aos sindicatos fazerem greve contra o partido, agora em coligação com o inimigo, que os tem sustentado em décadas de criminosas greves. Por isso a senhora que não pronuncia os “q”, porta-voz do sindicato comuna, veio orgulhosamente postular que é a primeira vez, em muitos anos, que um governo está disposto a ajoelhar-se às suas exigências megalómanas e ridículas, que resultarão sempre num aumento da despesa. Mas mesmo assim o défice irá cumprir-se.
Outra das notícias espantosas da semana é a pretensão do Bloco em ter um representante no Conselho de Estado. Estou já a imaginar alguém com a experiência, determinada pela idade, de uma Mariana Mortágua cujo vastíssimo currículo passa por ter obrigado Salgado a “ajoelhar-se” (mas sem o ter conseguido obrigar a rezar) em sede de comissão de inquérito BES, e muitas outras coisas das quais não me recordo de mais nenhuma. Imagino os sábios conselhos que Mariana poderia dar ao futuro presidente.
Não pense o leitor que estou aqui a fazer uma defesa do anterior executivo. Infelizmente, há sempre, em todos os quadrantes políticos, uma série de energúmenos que se colam ao poder para realizarem os seus sonhos de fortuna e o governo de Passos teve alguns.
Do outro lado da barricada o cenário não se me afigura melhor. Assusta-me ver algumas figuras sinistras, como o braço “armado” de Sócrates como ministro ou um deputado que se esteve a defecar para o segredo de justiça a ocupar o segundo lugar na hierarquia do Estado. Soa-me que os denominados expedientes dilatórios, aprovados por Sócrates, provavelmente irão ser usados “ad nauseam”, enviando para as calendas o desenrolar do processo que, tão injustamente, tem perseguido o José.
Creio que os próximos quatro anos irão ser de um maravilhoso entendimento à esquerda, pois, quando as negociações se tornarem mais duras, os camaradas irão sempre saber dar a volta ao texto com palmadinhas no Costa e o Costa, em nome da manutenção a todo o custo do seu poder, far-lhes-á todas as vontades. Mesmo assim irá conseguir cumprir as metas do défice.
Por: José Carlos Lopes