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«As associações juvenis são cada vez mais espaços de oportunidade para os jovens darem os primeiros passos como empreendedores»

Cara a Cara – Davide Garcia

P- Quais os objetivos para este mandato na presidência da Federação das Associações Juvenis do Distrito da Guarda?

R- Os principais objetivos deste mandato passam por continuar o fortalecimento do movimento associativo juvenil do distrito, aumentando o trabalho em rede e as sinergias associativas. As associações são espaços de cidadania, democracia e crescimento pessoal e é importante que os jovens do nosso território possam ter um papel ativo na construção de uma sociedade mais justa e com melhores oportunidades. Ter associações juvenis ativas e fortes em todos os concelhos é uma prioridade para os próximos anos. Queremos também reafirmar a importância do reforço de competências dos serviços do Instituto Português do Desporto e Juventude no distrito, reivindicando a manutenção naquele espaço e o investimento na melhoria das instalações para permitir que os serviços sejam usufruídos pelos jovens em condições de qualidade centrando o foco nas políticas de juventude que foram secundarizadas com a fusão do IPJ e IDP. Vamos também reivindicar a reabertura da Pousada da Juventude junto da Câmara da Guarda e do IPDJ, que tutela este serviço através da MOVIJOVEM, repudiando a falta de resposta à Federação das Associações Juvenis e a todas as entidades que formalmente manifestaram a sua vontade de contribuir ativamente para a reabertura. A FAJDG tem trabalhado localmente de forma muito direta com os municípios, pretendendo que a curto prazo todos os concelhos possam ter em funcionamento os respetivos, Conselhos Municipais de Juventude e um plano estratégico de ação para a juventude, trabalhando juntamente com as associações juvenis locais e as várias plataformas de representação dos jovens.

 

P- Como está o setor neste momento no distrito?

R- A dinâmica do movimento associativo da Guarda é reconhecida em todo o país. A participação, e sobretudo a qualidade da mesma, tem um rácio bastante elevado para a percentagem de jovens do nosso território. Desde as tradicionais associações desportivas, culturais e sociais, algumas com décadas de existência, às novas associações juvenis, que trabalham nichos de mercado ou se dedicam a áreas emergentes, o movimento tem tido a capacidade de se adaptar às necessidades dos jovens e reinventar-se dia após dia, sendo muitas vezes plataforma de lançamento de muitos jovens com valor no mercado de trabalho.

 

P- Quais são as principais dificuldades?

R- Mais do que as dificuldades financeiras, que são transversais a todos os setores, a principal dificuldade do movimento associativo é mesmo a captação e fixação de jovens, tendo em conta a baixa densidade do público-alvo no nosso território.

 

P- Como têm evoluído \as associações juvenis no distrito?

R- Do ponto de vista de quantidade de associações, temos mantido um número relativamente estável, acima das 70. No que diz respeito à qualidade de participação, reconhecemos a existência de mais massa crítica no movimento. As ações são, cada vez mais, melhor preparadas, a execução no terreno tem mais impacto e é reconhecida pela população. Existe mais trabalho em rede e uma maior capacidade de desenvolvimento de ações com parceiros nacionais e internacionais.

P- Numa região cada vez mais envelhecida quais são os desafios das associações juvenis para evitar a fuga de jovens?

R- As associações juvenis têm um papel importantíssimo na fixação de jovens no distrito. Numa primeira fase são o motivo pelo qual muitos jovens, a estudar ou trabalhar fora da sua terra, regressam logo que possível, aos fins-de-semana e férias, para dinamizar e/ou participar em atividades da associação. Ao mesmo tempo, são extremamente importantes na sua formação e capacitação com ferramentas únicas que potencializam a sua entrada no mercado de trabalho. As associações juvenis são cada vez mais espaços de oportunidade para os jovens testarem e desenvolverem as suas competências e darem os primeiros passos como empreendedores.

 

P- Em termos de apoios, qual foi o efeito dos anos de crise no associativismo distrital? Isso obrigou a reinventar as atividades?

R- Nalgumas das nossas localidades as associações juvenis são o principal polo de dinamização cultural, sobrepondo-se muitas vezes aos agentes culturais e entidades que deveriam ter esse papel. O primeiro setor a sofrer com a crise é normalm\ente a cultura e estes anos são prova disso. As dificuldades financeiras dos municípios e freguesias limitam o apoio e obrigam a reinventar o movimento mas as associações juvenis conseguem rentabilizar recursos e fazer muito, com muito pouco. O movimento tem a capacidade de multiplicar o investimento que nele é feito e injetar uma boa parte no comércio e serviços locais, estimulando a economia. Os problemas de financiamento obrigam o movimento a ser mais criativo e, ao mesmo tempo, a procurar outras fontes de financiamento que permitam o normal desenvolvimento dos planos de ação.

Perfil:

Profissão: Gestor de comunicação e eventos no Grupo Magna, em Guimarães.

Idade: 28 anos

Naturalidade: Vila Nova de Foz Côa

Currículo: Licenciado em Tecnologias da Comunicação Audiovisual pela Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo do Politécnico do Porto, especialista em Programação Cultural, Arte e Intervenção Social pela Universidade Fernando Pessoa e com formação avançada em Humor e Comédia pela ACT – Escola de Actores. Iniciou o seu percurso associativo em 2005 na Associação Juvenil Gustavo Filipe, em Foz Côa, é presidente da assembleia geral do SYnergia, em Braga, presidente da direção da Federação das Associações Juvenis do Distrito da Guarda e vice-presidente da Federação Nacional de Associações Juvenis.

Filme preferido: “O Grande Ditador”, “A vida é bela” e “O Padrinho”

Livro preferido: “Portugal, Hoje – O medo de existir”, de José Gil

Hobbies: Cinema, fotografia

Davide Garcia

Sobre o autor

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