A antiga Grécia foi o berço da nossa civilização. A essência do Ocidente assenta sobretudo em três pilares fundamentais: a filosofia grega, o direito romano e o cristianismo.
A música ocupou grande parte da reflexão dos antigos pensadores, chegando a ser considerada um verdadeiro mistério. Mesmo Darwin, ao estabelecer que tudo o que não era útil para a sobrevivência de uma espécie desaparecia, reconheceu, no entanto, que a música era a exceção à regra. Cícero, ao definir a ciência moral, percebeu que a música tinha ética, era extremamente disciplinadora e era essencial à educação. Tinha alma e forma de ser.
A música assume desta forma vertentes várias: é recreativa, ética, educativa, terapêutica, religiosa e sobretudo política.
2.500 anos a.C. a China inventa o futebol, percebendo-se que o seu início pode ser também patenteado à civilização maia. O futebol foi jogado ao longo de séculos, assumindo a Inglaterra, em meados do século XIX, a dianteira, onde foram definidas regras, dando conta de 17 normas fundamentais para a prática deste desporto de massas.
Aristóteles, o maior político de todos os tempos, reconhecia que a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana. Stefan Zweig, por seu lado, definia-a como «o formidável jogo» e até «o mais audaz de todos os jogos».
Assim sendo, a virtualização desta nobre arte foi-se afastando do seu real objetivo, dando, aos poucos, lugar a um jogo esquisito, manhoso, quiçá sujo, tendo em conta a gestão da polis, transformando-se, apenas e tão só, no modus vivendi de alguns, esses tais que vão avacalhando por completo a música, onde a letra, porca quanto baste, torna-se na epopeia de todos os lugares comuns, num autêntico hino à pobreza de ideias e à mediocridade, contendo, mesmo assim, a sonoridade suficiente para ser escutada numa (quase) mágica transformação que todos conseguimos identificar como sendo música para os nossos ouvidos.
Neste enigmático jogo de 11 contra 11 ganha destaque o árbitro que, embora esteja de saída no princípio do próximo ano, comporta-se como um salafrário, não assumindo a imparcialidade que jurou, destacando-se como protagonista, apoiando toda e qualquer jogada da equipa de que nunca deixou de ser sócio e apoiante, oferecendo de mão beijada a posse de bola à equipa do seu coração. Dizem os entendidos que quem tem a bola ataca, quem não a tem defende e a falta de carácter pode muito bem definir esta partida.
No retângulo (neste mesmo à-beira-mar-plantado) jogam-se, neste preciso momento, muitas coisas, coisas muito sérias, percebendo-se que o “chutar para canto” é, maior parte vezes, um processo aflitivo, enquanto ainda noutras é, indiscutivelmente, a desresponsabilização de toda uma jogada.
Voltando ao terreno de jogo, é perfeitamente entendível que a disputa se faça pela lateral, o que nem sempre resulta, devendo também ter em conta os extremos, percebendo-se que aí a partida pode revelar-se algo perigosa. Os manuais determinam que quem tem mais hipótese de vitória é a equipa que mais sabe e consegue ganhar o centro, leia-se, o meio campo. Será?
Pois bem, em final de contas, diga-se, em abono da verdade, que a música continuará a ser música, com toda a sua graciosidade e encanto, o futebol a deslumbrar milhões e os políticos, estes que agora são protagonistas das passerelles e da visibilidade que as luzes da ribalta vão dando e projetando, irão perceber que um dia destes irão embora. O regime, as instituições e o país, com toda a certeza, irão ficar. E, sem qualquer tipo de discussão, admitindo todas as certezas de Monsieur de La Palisse, esta espécie de gente (felizmente) é mortal…
Por: Albino Bárbara