«Julgo que o Museu do Côa será inaugurado no final de Setembro, princípios de Outubro». Esta foi a garantia deixada no passado sábado pelo Ministro da Cultura que se deslocou ao Vale do Côa durante o fim-de-semana para visitar alguns núcleos de gravuras e conhecer o desenvolvimento dos trabalhos no museu.
José António Pinto Ribeiro aproveitou a ocasião para referir que pretende uma sociedade anónima a gerir o Parque Arqueológico e o Museu do Côa, sublinhando a importância desta solução, que deverá integrar 10 municípios, quatro ministérios e um número indeterminado de privados. «Espero conseguir consensualizar uma solução até final de Outubro, de modo a que o desenho jurídico, económico e societário possam ser definidos até essa data, consensualmente com as câmaras municipais de todo o Vale do côa, os agentes económicos e com os departamentos do Estado que devam ser envolvidos», disse. O prazo previsto pelo ministro para a constituição da futura sociedade de gestão é de seis meses. Durante esse período, o responsável admite «uma solução puramente provisória para permitir a abertura do museu, para que continue a ser gerido na lógica de quem o construiu, isto é, por quem dirigiu esta construção, e que teve a ver com o IGESPAR e com o Ministério da Cultura».
Também o presidente da autarquia de Vila Nova de Foz Côa comunga da opinião que a gestão do futuro museu passa por um esforço conjunto entre os vários agentes envolvidos. «É um modelo de gestão que tem que envolver todos, ninguém pode ficar de fora. Não podem ficar de fora as populações, as autarquias que pertencem a este território, nem os investidores que vão investir à volta de tudo isto. Todos temos que estar num projecto comum», disse Emílio Mesquita.
Para o edil, a infra-estrutura orçada em cerca de 18 milhões de euros é única no mundo, numa zona ímpar pela diversidade de arte rupestre. «Aquilo de que me posso orgulhar é que acho que não temos arte rupestre de tão grande qualidade e de tanta quantidade, nem um museu, como aqui. Na Europa toda a gente me diz que não há e nos sítios por onde eu passei não há nada com esta dimensão, com esta qualidade arquitectónica e, se calhar, não há no mundo», afiançou Emílio Mesquita.
O responsável sublinhou ainda a importância deste tipo de projectos para a região. «Temos que ter escala, fixar os visitantes durante mais tempo e levar a cabo estes projectos. Só por essa conjugação de vontades é que é possível ter sucesso, trazer massa crítica, dar qualidade na formação às pessoas que cá estão e criar um novo nível de vida às pessoas, sem perder a qualidade ambiental», disse.
Aquele que será o segundo maior museu (em área) de Portugal a seguir ao de Arte Antiga, em Lisboa, constitui-se como um local de descodificação da arte, sendo que grande parte do seu conteúdo estará no exterior, como o território e a arte rupestre do Vale do Côa.
Rafael Mangana