António de Almeida Santos, primeiro presidente da Assembleia Municipal da Guarda no pós-25 de Abril e presidente honorário do PS, morreu na segunda-feira, aos 89 anos.
O antigo presidente da Assembleia da República sentiu-se mal após o jantar e acabou por morrer pouco depois em sua casa, em Oeiras. Ainda no domingo tinha estado numa ação de campanha de Maria de Belém, de quem era apoiante. O corpo de Almeida Santos esteve em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, e seguiu ontem para o cemitério do Alto de S. João, onde foi cremado sem cerimónias fúnebres, por vontade do próprio, revelou a família. As Câmaras da Guarda e de Seia decretaram três dias de luto municipal, com bandeira a meia haste, em memória do histórico socialista. Para Álvaro Amaro, autarca da sede do distrito, Almeida Santos foi um «exemplo de dedicação à democracia». De acordo com o despacho divulgado na terça-feira, «António de Almeida Santos, ilustre cidadão e eminente jurista, honrou a história do nosso poder local, tendo exercido o cargo de presidente da Assembleia Municipal da Guarda entre 1977 e 1985 [cuja sala recebeu o seu nome], garantindo, durante esses anos, o exercício da democracia plena neste órgão de soberania municipal».
Por sua vez, Carlos Filipe Camelo, edil de Seia, recordou que o «nosso conterrâneo» foi uma personalidade «de elevado nível intelectual e profissional, colaborando ativamente, sempre que solicitado, em matérias relacionadas com o desenvolvimento do concelho de Seia», lê-se no despacho rubricado pelo autarca. António de Almeida Santos nasceu a 15 de fevereiro de 1926 na localidade de Cabeça, no concelho de Seia. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Foi ministro – várias vezes, em vários governos: da Coordenação Interterritorial nos I, II, III e IV governos provisórios (no IV Governo apresentou a demissão), da Comunicação Social no VI Governo Provisório, da Justiça no I Governo Constitucional, adjunto do primeiro-ministro no II Governo Constitucional, ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares no VI Governo Constitucional.
Foi deputado desde a I legislatura, liderou a bancada parlamentar do PS entre 1991 e 1994 e foi presidente do partido desde 1992 – era atualmente presidente honorário dos socialistas. Esteve no Conselho de Estado entre 1985 e 2002 e liderou a Assembleia da República em duas legislaturas – na VII e depois na VIII. Era pai de Maria Antónia Almeida Santos, deputada na Assembleia da República eleita pelo círculo da Guarda nas últimas legislativas. A Federação do PS da Guarda expressou um voto de pesar pela morte do presidente honorário do partido, considerando que era «uma figura incontornável da democracia portuguesa, tendo combatido desde os tempos da ditadura e no pós 25 de abril pelos ideais socialistas, mantendo permanentemente uma postura de elevada justiça e humanismo para com os seus camaradas e, também, para com os seus adversários políticos, ao longo de toda a sua vida».