Arquivo

Ministra da Cultura em Foz Côa

Maria João Bustorff deve apadrinhar inauguração da exposição com as propostas para o Museu do Côa

Maria João Bustorff, nova ministra da Cultura, vai, ao que tudo indica, presidir à cerimónia de inauguração da exposição dos 42 projectos que foram apresentados no concurso público internacional, organizado pela Ordem dos Arquitectos, para a concepção do futuro Museu do Côa. Na abertura da mostra, agendada para as 18h30m de amanhã, serão entregues os prémios aos primeiros classificados no concurso. Os trabalhos ficarão expostos na Sala do Museu Municipal, no edifício do Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa.

O autarca Sotero Ribeiro salienta que é mais que provável a presença da ministra da Cultura, o que denota que «há vontade deste Governo de seguir o que estava pré-estabelecido pelo anterior» em relação à construção do Museu do Côa. Por outro lado, a exposição é encarada como «importante» para que «os fozcoenses possam ver que as coisas estão a andar e para que possam constatar a qualidade dos trabalhos apresentados», frisa. Recorde-se que a proposta vencedora, alvo de rasgados elogios, foi apresentada por dois arquitectos desconhecidos do Porto, Tiago Pimentel (31 anos) e Camilo Rebelo (32 anos), que serão contemplados com um prémio de 25 mil euros. Um monólito com janelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o vale do Douro foi a proposta apresentada pelos dois jovens profissionais. Este foi um dos concursos mais disputados dos últimos anos em Portugal, já que o júri teve que apreciar as propostas de 42 gabinetes de arquitectura e arquitectos em nome individual. Neste sentido, a opção final recaiu, segundo o relatório do júri, por uma solução arquitectónica «extraordinária e carismática». Os elogios não se ficaram por aqui e o mesmo documento, divulgado pelo Ministério da Cultura, referiu que o trabalho apresenta «uma figura forte, capaz de responder com clareza e intensidade aos valores da paisagem e do território», para além de ser «uma inventiva e adequada resposta à integração na envolvente». Deste modo, destaca-se a fachada virada para o vale do Douro e feita de grandes superfícies envidraçadas, cujas janelas espelhadas no exterior reflectem a paisagem. Outra solução inesperada reside no acesso ao museu, pois vai fazer-se pela cobertura do edifício. O júri decidiu atribuir o segundo prémio ao “atelier” CVDB (Cristina Veríssimo e Diogo Burnay), no valor de 18 mil euros, e o terceiro a Walter Rossa, no valor de 10 mil euros. Foram ainda atribuídas duas menções honrosas, de 3.500 euros cada, a Miguel Borges da Costa e a Pedro Borges de Araújo.

Fernando Real, presidente do Instituto Português de Arqueologia (IPA), João Belo Rodeia, presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), João Herdade (Instituto Português de Museus), Sotero Ribeiro (autarca de Foz Côa), Alpoim Guedes (Ordem dos Arquitectos), João Gomes da Silva (Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas) e Gonçalo Byrne (arquitecto) constituíram os sete elementos do júri. Este septeto foi assessorado por vários consultores nas áreas de Museologia, Arqueologia e Arte Rupestre, nomeadamente Luís Raposo (director do Museu Nacional de Arqueologia) e António Martinho Baptista (director do Centro Nacional de Arte Rupestre). Na altura da divulgação dos resultados, em finais de Maio passado, o Instituto Português de Arqueologia (IPA) mostrou intenção da construção começar no início de 2006, de modo a que o museu possa ser inaugurado no último trimestre de 2007, onze anos depois de ter sido prometido pelo Governo de António Guterres para o vale do Côa.

Há mais de uma década que o Museu do Côa é considerado um projecto-âncora no desenvolvimento da região. Com uma área coberta máxima de seis mil metros quadrados, este equipamento tem orçamentados 8,5 milhões de euros para o edifício e acessos, mais quatro milhões de euros para a museologia, verbas previstas no III Quadro Comunitário de Apoio. O contrato de projecto a celebrar com o vencedor cobrirá as valências necessárias de arquitectura e de arquitectura paisagística, todas as engenharias e ainda museologia, sendo toda a intervenção perspectivada em cenário de planeamento bioclimático, de optimização e de eficiência energética.

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply