Mia Couto recebe o Prémio Eduardo Loureço na sexta-feira, na Guarda. A cerimónia é o ponto alto de um dia em que o escritor moçambicano vai encontrar-se com alunos das escolas secundárias da cidade e lançar o seu novo livro “A confissão da leoa”. Também na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), mas na tarde de sábado, o filósofo e ensaísta regressa a casa para apresentar o primeiro volume das suas “Obras Completas: I – Heterodoxias”, um projeto da Universidade de Évora e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Mia Couto, um dos nomes mais importantes da nova geração de escritores africanos de língua portuguesa, com vasta obra de poesia, romance e teatro, foi o vencedor da edição do ano passado do galardão instituído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI). Na altura, o júri justificou a escolha dizendo que «a criatividade e os contornos transversais da obra, a heterodoxia lexical a que recorre e o empenho cívico assumidos por Mia Couto transformaram-no numa referência cultural do espaço lusófono, num interlocutor privilegiado e potenciador do diálogo plural e aberto que importa aprofundar com o mundo ibero-americano». O prémio não foi entregue no Dia da Cidade, a 27 de Novembro, por indisponibilidade de agenda do vencedor. Desta vez, o escritor dedica um dia à Guarda, encontrando-se com uma centena de estudantes a partir das 11 horas na BMEL.
À tarde, divulga “A Confissão da Leoa”, baseado num acontecimento real – as sucessivas mortes de pessoas provocadas por ataques de leões numa remota região do norte de Moçambique. Esse é o pretexto para falar de homens e mulheres que vivem em condições extremas na pequena aldeia de Kulumani, onde a guerra, a fome e a superstição transformou «os homens em animais selvagens», refere o texto de apresentação da obra. Para as 17h30 está agendada a entrega do Prémio Eduardo Lourenço, de 10 mil euros, na sala da Assembleia Municipal. No sábado, é a vez do patrono do CEI e da BMEL apresentar o primeiro tomo das suas obras completas, numa sessão em que também participa João Tiago Pedroso Lima, um dos coordenadores científicos do projeto.
