Os lotes da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) da Guarda para empresas vão ser vendidos a 25 euros o metro quadrado, metade do preço a que será negociado o espaço para a instalação de restaurantes, bancos e outros serviços. Estes valores deverão ser aprovados nos próximos dias na Assembleia-Geral da sociedade. É este o «preço competitivo» prometido por Joaquim Valente.
O edil continua a não querer falar do assunto, a tal ponto que não referiu estes valores, já assumidos pelo Conselho de Administração (CA), no discurso de apresentação do projecto ao Presidente da República, na passada sexta-feira. Na PLIE, Cavaco Silva desafiou os promotores a vender os lotes no espaço nacional e internacional. «Hoje, não se pode ficar à espera que venham ter connosco. Há que mostrar aos outros que existe na Guarda qualquer coisa que merece a sua atenção», disse. E para o chefe de Estado ficou claro que o empreendimento é «a aposta certa e uma referência para uma nova visão do interior». Na sua opinião, a PLIE tem condições para ter sucesso: «Pela sua situação geográfica e pela qualidade dos serviços de apoio projectados – nomeadamente o centro de investigação em novas tecnologias, perspectivando já uma cooperação entre empresas e universidades», apontou.
De resto, Cavaco Silva considerou que o projecto tira partido de «potencialidades esquecidas», como a proximidade com a fronteira e a Europa. «Hoje, a fronteira é uma oportunidade e não uma desvantagem», realçou. Resta agora colocar a PLIE «a funcionar», acrescentou, antes de fazer votos para que «aquilo que é hoje uma potencialidade seja, daqui a um ano, uma realidade». Isto porque Joaquim Valente tinha referido no seu discurso que 2008 será o ano da «concretização e do investimento». O autarca fez o historial da PLIE e considerou a presença do Presidente da República «marcante para a visibilidade deste projecto», que também faz parte da Rede Nacional de Plataformas Logísticas. Com um investimento previsto da ordem dos 34 milhões de euros, estão actualmente em fase de conclusão as infraestruturas e os acessos.
Uma confissão no Outeiro
Pouco depois, Cavaco visitou o Instituto de S. Miguel, uma instituição particular de solidariedade social com 2.361 utentes, a grande maioria crianças. Uma característica que o PR aproveitou para falar da quebra da natalidade em Portugal: «O país não pode deixar de tratar bem as suas crianças, caso contrário daqui a 30 anos só seremos sete milhões de portugueses», avisou, destacando a «formação para a vida» proporcionada no Outeiro, como também é conhecida a instituição. Visivelmente emocionado com o acolhimento proporcionado pelas crianças, Cavaco confessou o inconfessável: «Lamento não ter conhecido esta obra quando era primeiro-ministro. É uma falha imperdoável», afirmou. À noite, as conversas foram outras. O chefe de Estado jantou com os 14 autarcas do distrito e ouviu «angústias» e preocupações relacionadas com acessibilidades, desertificação, desemprego e falta de investimento. «Este cenário só pode ser combatido se convencermos unidades empresariais a instalar-se nesta região e olharem para a fronteira não como um obstáculo mas como uma oportunidade», repetiu.
Luis Martins