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Menos incêndios e menor área ardida no distrito da Guarda

Dispositivo especial de combate às chamas, com disponibilidade máxima, já está no terreno

O Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Guarda apostou na formação e na organização para evitar a calamidade do ano passado. Segundo António Fonseca, coordenador distrital, o dispositivo de Combate a Incêndios Florestais (DICIF) tem estado a funcionar em pleno, pelo que tem havido menos incêndios e menos área ardida que no ano passado em igual período. Ainda assim, o responsável salienta o facto das condições meteorológicas continuarem a ser um factor decisivo no combate e prevenção de fogos florestais.

Este Verão o distrito conta com um dispositivo especial com disponibilidade máxima, em média dois grupos de intervenção por cada corpo de bombeiros, o que é superior à média nacional. António Fonseca assegura ter sido proposto um reforço para este ano, que consiste em mais três Grupos de Primeira Intervenção (GPI) e um Gabinete de Apoio (GAP). Assim, a logística desta época conta com 45 GPI’s, constituídos por cinco bombeiros, sete GAP’s, duas brigadas helitransportadas com base em Seia e Aguiar da Beira, e um dispositivo humano que ronda os 270 elementos. Para melhorar o combate aos incêndios, elevou-se «ao máximo o dispositivo humano», sublinha o coordenador, acrescentando ainda que há um reforço com os GPI’s, disponíveis 24 horas nos quartéis para ajudar os cerca de 1.000 voluntários do distrito. Quanto à funcionalidade e à melhoria das operações foi criada uma nova estrutura constituída pelo próprio coordenador distrital, um técnico da área das Ciências da Comunicação e os comandantes dos Voluntários de Almeida, Guarda e Vila Nova de Tazém, cujo objectivo é «organizar» o combate aos incêndios florestais. Mas apesar de todas as melhorias nos aspectos de organização, dos meios e na capacidade de primeira intervenção, «o factor mais importante continua a ser o meteorológico», refere o coordenador.

Até agora, as condições climatéricas têm facilitado o combate e permitido que os índices de hectares ardidos sejam «muito mais favoráveis» do que no ano passado, constata António Fonseca. Até 7 de Julho houve 263 saídas, às quais corresponde uma área ardida de cerca de 740 hectares, enquanto que no mesmo período do ano anterior registaram-se 366 ocorrências e mais de cem incêndios que em 2004, tendo ardido 1.845 hectares. Quanto à reposição de meios que no ano passado ficaram destruídos durante o combate às chamas, o coordenador distrital garante que tanto os veículos danificados por acidentes, como os avariados, já foram repostos «em todas as corporações». É o caso do Sabugal, que reivindicava há dois anos um veículo dado como irrecuperável: «Neste momento essa reposição já está autorizada e eles já encomendaram o veículo», esclarece António Fonseca.

Outro problema preocupante prende-se com o facto das zonas de risco no distrito serem as mais acidentadas e as que estão expostas a ventos do leste, nomeadamente as três áreas protegidas (Parque Natural da Serra da Estrela, Parque do Douro Internacional e a Reserva da Malcata), que incluem grandes áreas classificadas na Rede Natura 2000. No entanto, o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) dispõe de meios próprios de prevenção e intervenção, sendo mesmo, segundo António Fonseca, aquele que está «melhor protegido», embora recorde que «há determinados riscos que dependem pouco de nós». De resto, é provável também que este ano seja melhor que o transacto, confia o coordenador, que alerta para o aumento do grau de risco na região nos próximos anos, uma vez que «o índice de aridez está em ascendência». Recorde-se que das causas dos incêndios, a maior fatia cabe à negligência, por isso o responsável do CDOS apela «ao cuidado dos cidadãos», enumerando casos de chamas causadas por motores de rega ou por maquinaria de limpeza de bermas.

Patrícia Correia

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