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Medição do tempo

Mitocôndrias e Quasares

A divisão do tempo desempenhou uma função decisiva na vida do homem há muitos milénios. As unidades de tempo naturais foram, antes de mais, o ano com as diferentes estações, bem como o dia. Também o mês, ou seja o período orbital da Lua à volta da Terra, ou mudanças das fases lunares, se pode considerar uma divisão natural do tempo. Surgiram outras possibilidades de articular lapsos de tempo, mais ou menos longos, segundo os acontecimentos meteorológicos periódicos, como chuvas ou inundações.

A divisão do dia em horas foi uma articulação adicional, mais artificial. Mais a este respeito, o número 12 remonta ao das 12 constelações do Zodíaco ou seja o número 12 dos meses do ano. Antigamente costumava dividir-se o dia “de luz” em 12 horas desde o nascer ao pôr do Sol, do mesmo modo que o dia “de escuridão”, do pôr ao nascer do Sol. O que fazia com que a duração das horas fosse muito diferente segundo as estações. No inverno, as horas diurnas eram mais curtas que as horas noturnas, ocorrendo o contrário no verão. Apenas mais tarde se introduziram horas de igual duração numa sucessão de 0 horas a 24 horas. A divisão da hora em 60 minutos e do minuto em 60 segundos, bem como sucessivas parte decimal do segundo, foi sendo introduzida no decorrer dos tempos com o aumento das possibilidades e necessidades científicas e técnicas, em especial nas comunicações.

Como se pode verificar, a contagem do tempo é uma invenção humana pelo que foi necessário inventar instrumentos que realizassem essa medição. O aparelho mais simples para medir o tempo foi o pau cravado verticalmente no solo; com a luz do Sol observava-se a sua sombra projetada no solo. A partir deste, evoluiu a longo prazo o relógio de Sol.

Os primeiros relógios mecânicos (relógios de engrenagens) desenvolveram-se até ao ano 1300. Os primeiros relógios de bolso de volante, ou seja, com regulação do movimento resolvido por meio de pequenos volantes com uma mola em espiral, apareceram em 1509.

O astrónomo inglês Christian Huygens propôs, em 1657, usar um pêndulo para regular o movimento. De acordo com os seus dados, o primeiro relógio deste tipo foi construído na Holanda, por Salomão Coster. Estes relógios de pêndulo foram, quase durante 300 anos, o melhor instrumento de verificação do tempo nos institutos astronómicos. No decorrer do tempo aperfeiçoou-se substancialmente a qualidade do pêndulo com o fim de compensar as variações de comprimento devidas a oscilações térmicas. A exatidão do movimento dos relógios pendulares astronómicos, na sua maioria instalados em quartos subterrâneos com temperaturas relativamente constantes e sob pressão atmosférica reduzida, variava entre 0,01 e 0,02 segundos por dia.

Em 1934 inventou-se, no Instituto Físico-Térmico Imperial de Berlim, o relógio de quartzo. Em condições ótimas de instalação de um relógio de quartzo (por exemplo, constância térmica, tendo em conta o envelhecimento dos cristais de quartzo), a exatidão em relação a um relógio de pêndulo pode ser muito aumentada ao ponto de averiguar-se, por exemplo, oscilações de períodos curtos na velocidade de rotação da Terra, impossível de descobrir por meio de observações puramente astronómicas com um relógio de pêndulo.

Um novo progresso foram os relógios atómicos ou moleculares, introduzidos depois da Segunda Guerra Mundial, que utilizam as oscilações de átomos ou moléculas, como amoníaco ou césio, para regular a constância do movimento do relógio. Neles, a exatidão em relação aos relógios de quartzo melhora uma vez mais, num fator de 100 até 10.000, quando falamos em relógios atómicos de hidrogénio.

Olhando para a sociedade atual, talvez a próxima evolução passe pela construção de um relógio que dê para parar o tempo de quando em quando.

Por: António Costa

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