A maioria dos idosos de lares do distrito da Guarda vai passar o Natal longe da família mais próxima. Doença, emigração dos filhos e hábitos familiares são as justificações mais utilizadas pelas responsáveis de onze lares do distrito, embora apenas três admitam uma tendência recente para serem cada vez mais os que ficam.
Ana Maia, diretora técnica do Lar de Paranhos da Beira (Seia), refere que «vêm poucas famílias e a tendência é para diminuir. Não podemos esquecer aqueles com elevado grau de dependência, mas nos últimos quatro anos noto que são menos os que retiram os idosos nesta quadra». Também Catarina Carlos, animadora do Lar do Mondego no Porto da Carne (Guarda), afirma que «se tem verificado uma diminuição nos últimos anos, até porque os filhos nem sempre estão perto. É inevitável falar em doenças dos utentes, mas também no costume de os idosos dizerem por princípio que não querem sair». Já Ludovina Pina, gerontóloga na Lar de Santo Antão, em Aldeia do Bispo (Sabugal), não acredita que a redução tenha sido influenciada por fatores económicos, mas entende que «tem a ver com a alteração do grau de dependência dos idosos e, por vezes, por estes não quererem alterar a sua rotina».
Mais quatro lares do distrito assumem que a maioria dos seus utentes ali vai permanecer no Natal, mas poucos relacionam essa prática com a atual conjuntura económica. Sílvia Santos, diretora técnica do Lar de Santa Catarina, no Reboleiro (Trancoso), é uma das exceções: «Talvez possa estar relacionado com fatores económicos», admite, acrescentando que, «por outro lado, notamos que é o reflexo das relações próprias de cada família, visto que se criam diferentes hábitos». Para a responsável, o número está aquém do ideal, pois «saem muito menos do que nós gostaríamos e do que eles precisam, já que é saudável para os idosos». Já Rosa Cantarinha, diretora técnica do Lar do Folgosinho (Gouveia), indica que «aqueles que saem representam uma percentagem reduzida dos utentes, que se tem mantido estável».
Também na Casa da Freguesia de Cedovim (Vila Nova de Foz Côa) saem poucas pessoas nesta quadra, apesar «da tendência para aumentar não ser considerável», defende Estefânia Espírito Santo, diretora técnica da instituição. «Este é um ano mais difícil e, de uma forma geral, as famílias não estão tão ligadas aos idosos, mas as causas são variadas», salienta a responsável. Já no Lar da Misericórdia de Manteigas também são poucos os que saem (cerca de 20 por cento), mas «de há dois anos para cá tem-se verificado um aumento dos familiares que levam os idosos a celebrar as festas consigo», admite a diretora técnica do lar. «Este aumento é gratificante, sobretudo numa instituição com tantos utentes locais. Além disso, há mais elementos presentes nas visitas e atividades», adianta a responsável.
O Centro Social Paroquial Mensagem de Fátima em Pínzio (Pinhel), o Lar da Santa Casa da Misericórdia em Seia (Santiago) e o Lar Luís Paulo em Escalhão (Celorico) são a exceção à regra, já que a maioria dos idosos passa esta quadra com a família. Em Pínzio, a diferença é assinalável: «Costumam ficar cerca de 8, num total de 38», adianta Celina Terras, diretora técnica. Já o Centro de Apoio ao Idoso de Peva (Almeida) assume que os números são similares, «não existindo grande diferença entre os que saem e os que ficam», declara Isabel Monteiro, chefe de serviço.
Sara Quelhas